Plácido Domingo, de barítono a tenor

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Por Agencia Estado
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Como Carreras, Plácido Domingo ingressou na música por meio do piano, no México, onde, apesar de ter nascido na Espanha, viveu quase toda sua infância e juventude. Inicialmente, sua voz era de barítono, alcançando, com os anos, o registro de tenor. Sua estréia na ópera deu-se em 1957, na Cidade do México onde cantou a zarzuela (espécie de opereta tradicional espanhola) Gigantes y Cabezudos. Em 1962, seguia para Israel, onde ficaria até 1965 como membro da Ópera Nacional. Foi, porém, na década de 70 que Domingo alcançou reconhecimento internacional, apresentando-se nas principais casas de ópera dos Estados Unidos e da Europa. A marca de Domingo ao longo dos anos tem sido a incrível capacidade interpretativa. Ele mesmo reconhece que não possui os mesmos agudos que muitos de seus colegas, em especial Pavarotti. No entanto, aliada a uma técnica impecável, Domingo mostra-se, no palco, como um grande ator, capaz de dar vida nova a personagens como Otello. Sua interpretação de Otello, na ópera de mesmo nome de Verdi, aliás, é considerada por muitos como definitiva. Domingo já declarou que foi este papel o responsável pela sua mudança de visão em relação à arte do canto. E o público parece perceber que, quando ele canta Otello, é um músico que está no palco e não apenas um cantor: em 1986, em uma récita da ópera em Berlim, o público chamou, com aplausos, Domingo ao palco 103 vezes. Além disso, Domingo é o tenor de maior repertório do século 20: 106 papéis, de Rossini a Wagner, passando por Verdi e Puccini. Recentemente, gravou pela primeira vez Canção da Terra, de Mahler. Mas seus talentos não param por aí. Ao lado da atividade como cantor, ele tem desenvolvido com êxito a tarefa de regente e é diretor da Ópera de Washington e da Orquestra Filarmônica de Los Angles. Neste ano, além de apresentações com Pavarotti e Carreras, ele voltará a Bayreuth para interpretar Sigmund, em O Anel dos Nibelungos, de Wagner. Coisa que poucos cantores, aos 60 anos de idade, podem se dar ao luxo de fazer.

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