PUBLICIDADE

Pizzarelli se apresenta no Bourbon Street

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de três tentativas de achar John Pizzarelli em casa, uma mensagem na secretária eletrônica dele diz para ligar no seu número de celular, porque o cantor naquele momento estaria numa sorveteria de Nova York tomando sorvete com os filhos. "Oi, obrigado por ter ligado no celular", diz Pizzarelli ao Estado. "Estou bem na esquina do meu prédio, e, se você me ligar em cinco minutos, já estarei em casa com as crianças", diz o cantor. Os filhos, explica, têm 9 e 5 anos, respectivamente, um garoto e uma menina. Ladeado pelo pai guitarrista, Bucky, pelo irmão baixista, Martin, pela mulher compositora, Jessica Molaskey, o cantor John Pizzarelli faz sua música num ambiente familiar. Acaba de lançar pela Telarc, o agradabilíssimo álbum Let there Be Love, que saiu no Brasil pelo selo Calber Music, no qual interpreta apenas standards da canção romântica, como These Foolish Things e Stompin´ at the Savoy. Pizzarelli, amado pelas platéias brasileiras, desembarca na terça-feira no Bourbon Street para três apresentações com um trio (ele, seu irmão Martin e o pianista Larry Golding, que substitui Ray Kennedy). "A mulher de Ray acaba de dar à luz um garoto", explica. Além de São Paulo, o jazzista de 41 anos se apresentará no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília e Manaus. A interpretação suave e a guitarra fluida de Pizzarelli são largamente admiradas pelo público. Nem por isso, no entanto, ele escolhe caminhos fáceis. Os arranjos de Don Sebesky para seu disco Meets the Beatles provam essa escolha. Estado - Você gravou quatro canções no álbum Brazil, da cantora Rosemary Clooney, duas delas em dueto, que são Wave e Dindi. Pretende cantar alguma delas no show do Brasil? John Pizzarelli - Nós costumamos tocar Garota de Ipanema em nossos shows, mas vamos ver também a possibilidade de tocar Dindi dessa vez. Estado - Você costuma escolher com muita atenção as músicas que inclui no seu repertório. Por que gosta de cantar bossa nova? Pizzarelli - Gosto das emoções que a bossa carrega. Não é muito diferente de quando eu canto os grande standards do jazz. Das bossas que eu conheço, gosto especialmente de Garota de Ipanema. É tão bela e emocional, uma das mais bonitas que já ouvi. Estado - Você diz que Nat King Cole tem sido sempre a perfeita inspiração para você, porque ele canta num estilo popular, mas nunca se afasta demais do jazz. Você não vê o jazz como uma expressão popular? Pizzarelli - O que eu quis dizer é que Nat, mesmo em canções como Monalisa ou Unforgettable, que estão mais para a pop music, mesmo nessas canções ele é extremamente sofisticado e jazzístico. Eu concordo com você que o jazz é popular, mas a esperteza de Nat King Cole era transformar algumas coisas que as pessoas julgam comerciais e forçar essa fronteira. No fundo, o coração é o grande centro do jazz. Estado - No disco que você acaba de lançar, Let there Be Love, reunindo canções de amor, você aborda principalmente as músicas dos anos 40 e 50. Você acha que o jazz só se aproximou com mais vigor do coração naquelas décadas? Pizzarelli - Aquelas canções eram mais presentes nos anos 40 e 50, houve de fato um maior número de composições naquela época e com mais qualidade. Mas o que acontece é que nós tocamos muito ao redor do mundo, excursionamos por países de língua não-inglesa e eu tento cantar as canções mais reconhecíveis, para que todo mundo entenda melhor. Estado - Você é bastante eclético, já gravou Beatles. Costuma ouvir rock em casa? Pizzarelli - Eu gosto. Ouço um tipo de rock mais calmo. Gosto de Bruce Springsteen, The Allman Brothers, James Taylor. Estado - Seu pai, Bucky, que é guitarrista, está sempre muito presente no seu trabalho e grava com você nos seus discos. Em que medida ele influenciou sua música? Pizzarelli - O senso melódico do meu pai é muito presente em meu trabalho. Eu entendi com ele que isso é fundamental. Para um intérprete, quanto mais você entender a melodia, melhor vai cantar e compreender a canção. Estado - A revista Down Beat definiu você como ´a resposta de New Jersey para Harry Connick Jr.´. Você concorda com essa definição? Pizzarelli - (Risos). É, eles estão certos. Gosto dessa definição. Acho que Harry é mais quente e também mais Nova York do que eu. Penso que às vezes faço música tendo em mente uma situação hipotética na qual estamos tocando para amigos na nossa sala de estar tarde da noite. Um jeito mais íntimo. Serviço: John Pizzarelli. Terça, quarta e quinta, às 22h30. De R$ 50,00 a R$ 75,00 (nesta terça); e de R$ 60,00 a R$ 95,00 (quarta e quinta). Bourbon Street Music Club. Rua dos Chanés, 127, tel. 5561-1643. Patrocínio: Diners Club International

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.