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Pioneiros da música moderna fazem show em SP

O jamaicano Lee "Scratch" Perry, o inglês Mad Professor e o americano Afrika Bambaataa estão na cidade e fazem shows no Sesc Pompéia neste fim de semana

Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto o show biz brasileiro se mostra queixoso por causa da alta do dólar, que está travando a agenda internacional de shows, a imaginação dribla o pessimismo. Três shows internacionais em São Paulo trazem pioneiros de gêneros modernos, criadores históricos, a custos baixos e com extrema relevância. Trata-se dos sets do jamaicano Lee "Scratch" Perry, do inglês Mad Professor e do americano Afrika Bambaataa. Perry e Mad Professor encerram o evento Dub Mamute, no Sesc Pompéia, amanhã e domingo. Bambaataa é estrela do Agosto Negro, também no Sesc Pompéia, e já fez jams esta semana até na Vila Madalena, com rappers cubanos. "Amo vocês como amo os extraterrestres", diz o músico jamaicano Lee Perry. Ele não está fazendo um jogo de palavras: místico e extravagante, é de fato grande admirador dos seres intergaláticos nos quais passou a crer com fervor. Gravou até uma faixa a respeito disso no seu disco mais recente, Jamaican E.T. (Trojan Records). Lee Perry é o mais excêntrico dos astros do reggae em todo o planeta (e olha que esse é um universo de doidões). Ex-produtor de Bob Marley, ele passou à história da música ao inventar o dub reggae, um estilo (e não um gênero) que está na raiz do trip-hop e do jungle ingleses de hoje em dia. Em clássicos como Roast Fish and Cornbread ou versões de clássicos da Motown, como If You´re Ready (Come Go with Me), das Staples Singers, Lee Perry mostra que ainda manda no mundo das fusões. Com a criação de um conceito que trabalha reverberações, ecos e som de baixo marcado, ele faz um som auto-referente e ainda moderno. "Lee Scratch Perry para sempre", diz a letra de I´ll Take You There, hit do seu novo álbum. Nascido na Jamaica em 1936, Lee Perry é uma lenda do reggae. Vindo de uma vila pobre, ele foi para Kingston, a capital, somente nos anos 50, passando a trabalhar como produtor no mítico Studio One. Nos anos 60, lançou seu primeiro disco, um single chamado Chicken Scratch, de onde veio o apelido e também um recurso que se popularizaria com o estabelecimento da música eletrônica. Ele experimentou com o ska e o reggae, mudando a abordagem de gravação com recursos de estúdio. Até que abriu seu próprio estúdio, o famoso Black Ark Studios em um subúrbio de Kingston, e montou uma banda chamada Hippy Boys, depois rebatizada como The Upsetters. Atualmente, excursiona com um grupo que tem baixista, guitarrista, tecladista e baterista, formação clássica do pop e do rock. Nos anos 70, desgostoso com o tratamento dado à sua música na Jamaica, mudou-se para Londres, onde chegou a trabalhar com Paul McCartney, Robert Palmer e o The Clash. Em 1979, num acesso de doideira, tocou fogo no próprio estúdio. Em 1989, mudou-se para a Suíça. No fim dos anos 90, voltou a excursionar. Afrika Bambaataa, o pai do hip hop, é um velho conhecido da noite paulista. Vai estação, entra estação, e ele está por aqui djying e fazendo improvisações com produtores da cidade, como o DJ Marcelinho. "Paz, unidade, amor e diversão", é seu lema. Recentemente, ganhou um prêmio da revista Source, o Pioneer Award, em reconhecimento por sua influência na música. Outra revista mais popular, a Life, o nomeou entre os mais importantes americanos do século 20. Trabalhou com James Brown, George Clinton, Bootsy Collins, Sly & Robbie, e também com nomes mais recentes, como Leftfield, Boy George, UB40. Influenciou barbaramente o techno precursor de Detroit, assim como o som de Miami e gêneros como house e trance, com faixas como Planet Rock (We know a place where the nights are hot/ It is a house of funk/ Females and males/ Both headed all for the disco). Como diz uma das faixas de seu disco mais recente, Searching for the Perfect Beat, ele é um veterano, mas ainda está à procura da batida perfeita. Afrika Bambaataa. Amanhã (31), a partir das 21 horas. De R$ 5,00 a R$ 10,00. Choperia do Sesc Pompéia. Rua Clélia, 93, tel. 3871-7700. Dub Mamute. Amanhã (31), às 21 horas; e domingo, às 18 horas. Ingressos esgotados. Teatro do Sesc Pompéia. Rua Clélia, 93, tel. 3871-7700. Festa de Encerramento Agosto Negro Brasil 2002. Amanhã (31), a partir das 22 horas. R$ 15,00. Blen Blen Brasil. Rua Inácio Pereira da Rocha, 520, tel. 3815-4999.

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