O pianista Fábio Martino, de 14 anos, conquistou no fim de semana a primeira colocação no tradicional Grande Concurso Magda Tagliaferro, realizado no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Ele foi selecionado entre 11 candidatos de todo o País por um júri composto pelos maestros Julio Medaglia e Carlos Moreno, e pelo pianista Eduardo Moreno. Fábio Martino é bolsista da Fundação Magda Tagliaferro (que empresta o nome da grande pianista brasileira e procura manter vivo seu espírito didático), onde estuda com o professor Armando Fava Filho. Ele vai receber uma quantia de R$ 4 mil como prêmio. Mas a premiação não pára por aí, dá a ele o direito de fazer um concerto com a Orquestra Sinfônica da USP, além de dois meses de bolsa de estudos na Staaliche Hochschule fur Musik Karlsruhe, na Alemanha. "Fico muito feliz com o reconhecimento", diz ele, que pela primeira vez vai estudar fora do País. "Espero um período de muito estudo, dedicação. Esta é uma chance que precisa ser levada a sério, posso aprender muito não apenas em termos musicais, mas também no que diz respeito à vivência musical." Martino vem de uma família musical. "Ver minha avó tocando, dando aulas para minha irmã, de certa forma me empurrou em direção à música", diz. E, à pergunta sobre o lugar da música em sua vida, não hesita em responder. "A música é a minha vida. Desde os 7 anos tenho certeza de que é isso que quero para mim." Paralelamente aos estudos na Fundação Magda Tagliaferro, onde diz aprender não apenas a técnica mas, acima de tudo, "como desenvolver um relacionamento com a música", Martino tem feito recitais em São Paulo e, no fim do mês, sola ao lado da Orquestra Sinfônica Brasileira na Sala Cecília Meireles, no Rio. E uma das características que chamam a atenção nos programas apresentados é a diversidade de seu repertório. Uma escolha pessoal? "Na verdade, quem escolhe meu repertório é meu professor, mas tenho plena confiança nele e acho que ele tem acertado até agora." Martino tem suas preferências, ele reconhece. Mas acredita que, no processo de aprendizado, a variedade é fundamental. "É importante adquirir a vivência de vários autores, diferentes estilos e formas de composição." Posto isso, de volta às preferências. "Gosto muito dos russos, em especial Chostakovich. Mas tenho uma queda também por Bartok." E os outros, aqueles que não despertam sua simpatia? "Prefiro não falar. Digamos que tenho uma identificação com um repertório mais nervoso, irritado, agressivo." O júri, ao premiar Martino, chamou a atenção para seu "brilhantismo". E como ele mesmo se vê como intérprete? "Não sei, talvez exista mesmo esse brilho interior que influencia de modo decisivo meu modo de tocar."