Lúcia Guimarães - O Estado de S. Paulo
NOVA YORK - A sorridente Zuri me leva para a cozinha, no subsolo da casa, em Manhattan. Philip Glass está colocando as crianças para dormir. Zuri, de 21 anos, é neta de Glass e sobrinha de Marlowe e Cameron, de 8 e 6 anos, filhos do quarto e já encerrado casamento do compositor de 73, irmãos de Juliet, de 41, e Zachary, de 38. A não ser por um súbito grito de Marlowe, acordado pelo irmão, a entrevista corre com tranquilidade que faz de um dos mais celebrados artistas da música contemporânea um interlocutor distinto de sua obra.
Se Glass, que acha velho o termo minimalismo, favorece repetições e estruturas cíclicas, sua conversa fácil muda de rumo e envereda por estradas vicinais. Bastou explicar que o artista plástico Carlito Carvalhosa, que o convidou a colaborar na obra A Soma dos Dias, que será inaugurada neste sábado, 31, na Pinacoteca do Estado, era o motivo do pedido da entrevista e ele abriu sua casa para falar de qualquer assunto que desperte seu apetite onívoro pelas artes. O músico vai executar na segunda e na terça-feira composições suas em piano no interior da instalação de Carvalhosa em São Paulo - e ainda, no último dia, ministrará master class com os alunos da Tom Jobim - Escola de Música.