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Pena Branca canta a obra de Xavantinho

Em show em SP, ele recebe o Grammy 2001 e aproveita para lançar seu novo disco, com interpretações de músicas compostas por seu irmão, morto há dois anos

Por Agencia Estado
Atualização:

Os irmãos Pena Branca e Xavantinho formaram, por décadas, a melhor das duplas caipiras desta terra pródiga em boas duplas caipiras. Há pouco mais de dois anos, Xavantinho morreu. Pena Branca hesitou, mas continuou carreira. Gravou um primeiro disco-solo, Semente Caipira, premiado com o Grammy 2001 (edição latina) para música regional. Não houve entrega oficial do prêmio, por causa do atentado de 11 de setembro. Sábado, no Teatro do Sesc Ipiranga, em São Paulo, Pena Branca recebe, afinal, o troféu, das mãos da cantora Inezita Barroso, madrinha da dupla. E aproveita para lançar seu novo disco, Pena Branca Canta Xavantinho (lançamento Kuarup). No novo trabalho, recria, em companhia de grandes músicos regionais, parte da obra do irmão. São 19 canções, reunidas em 15 faixas. Entre pérolas, um original de Xavantinho que nunca havia sido integralmente gravado, Primeira Cantiga. Abre Primeira Cantiga um depoimento do Xavantinho, prestado à TV Cultura, de São Paulo, dizendo que nem ele nem o irmão lembravam da letra inteira. Pois é, mas Pena Branca lembrou. E gravou: "Cantei todas as estrofes e me lembrei até do nome dos bois que puxavam o velho carro de nossa família, no Triângulo Mineiro", conta. Outra pérola: a última gravação de Xavantinho, feita em 1999, na qualidade de convidado do grupo paranaense Viola Quebrada.Trata-se da composição Meu Céu, parceria dele com Zé Mulato. É um bônus que Pena Branca Canta Xavantinho oferece ao ouvinte. Desde que, depois da morte de Xavantinho, Pena Branca decidiu prosseguir em carreira-solo, ele queria gravar um disco dedicado ao repertório autoral do irmão. Foi aconselhado por Mário de Aratanha, proprietário e produtor da gravadora Kuarup, a fazer, antes disso, um disco só seu. "Era para mostrar que eu estava bem a agüentava o tranco", lembra. "Aí veio essa maravilha do Grammy, e chegou a hora de homenagear o mano véio." Querido pela parcela esclarecida da classe musical, Pena Branca pôde convidar para seu novo disco não apenas músicos exclusivamente dedicados à música sertaneja, mas também outros, como o clarinetista Paulo Sérgio Santos, do Quinteto Villa-Lobos (e chorão de várias formações) ou o saxofonista e flautista Nivaldo Ornellas, mais afinado com a música de sotaque jazzístico (embora não só). Comparecem, ainda, o violonista, violeiro e percussionista mineiro Gilvan de Oliveira, o percussionista Serginho Silva, Oswaldinho do Acordeón, o cantor e compositor Renato Teixeira, o violeiro Chico Lobo, o cantador e compositor Xangai e o grupo Viola Quebrada. No show de sábado, Pena Branca vai mostrar parte do repertório do novo trabalho, clássicos da música caipira (Chico Mineiro, de Tonico e Francisco Ribeiro, Tristeza do Jeca, de Angelino de Oliveira, Vida de Viajante, de Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil), adaptações ao sotaque caipira de melodias da tradição popular ou da MPB (Cio da Terra, de Milton Nascimento e Chico Buarque, Correnteza, de Tom Jobim) e clássicos da dupla que formou com o irmão. O CD pode ser comprado pelo site www.kuarup.com.br, e-mail kuarup@kuarup.com.br. Pena Branca. Sábado, às 21 h. R$ 6,00 (estudantes), R$ 9,00 e R$ 12,00. Sesc Ipiranga. Rua Bom Pastor, 822, São Paulo, tel. 3340-2000.

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