Pelas barbas do profeta: ZZ Top chegou

Guitarrista Billy Gibbons fala sobre os 41 anos da banda, sua história com Hendrix e sobre R&B

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Atualização:

Billy Gibbons (dir.) e o baixista Dusty Hill do ZZ Top. Foto: Georgi Licovski/EFE

 

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Jotabê Medeiros - O Estado de S. Paulo

 

SÃO PAULO - Nos anos 60, um garoto texano com sua guitarra formou uma banda, The Moving Sidewalks, cuja maior vitória foi quando os convidaram para abrir um show. O astro principal era ninguém menos que Jimi Hendrix, que ao entrar no palco deu um título honorário para o jovem que o antecedera: "Este é o Melhor Jovem Guitarrista da América".

 

 

"E quando você ouve do homem que praticamente inventou ou reinventou a guitarra elétrica coisas maravilhosas sobre você mesmo, você tem a responsabilidade de revestir aquele título de orgulho e dignidade", diz Billy Gibbons. Em 1969, Gibbons desmanchou The Moving Sidewalks e fundou, com o baixista (e vocalista) Dusty Hill e o baterista Frank Beard aquela que se tornaria a banda responsável por modernizar o blues rock: ZZ Top.

 

Pois bem: tudo isso para dizer que é hoje o dia, 41 anos depois, que os brasileiros poderão ver esse lendário combo barbado. Será na Via Funchal, às 22 horas. William Frederick Gibbons, o Billy Gibbons, aquele garoto texano que encantou Hendrix, hoje tem 61 anos e falou ao Estado por e-mail.

 

Eu o vi tocando com Jeff Beck no Madison Square Garden no ano passado. Tocaram Foxy Lady, de Hendrix.

Jeff é... bem... fantástico. Seja como músico ou como um onipresente homem da Renascença. Ele tem nossa imorredoura admiração e sempre terá.

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Às vezes, você parece que tem algo de heavy metal...

O metal é, por cima, um gênero de base bluesística com um certo trabalho de ourivesaria. O metal é, para ser exato, um tiro de raspão com ênfase na seção rítmica. ZZ Top faz algo assim, mas com um pouco de enchimento no meio. Nós podemos arranhar essa cena do metal quando o show chega às raias da fricção.

 

Uma vez você disse que guitarras são uma espécie de obsessão sua. Qual sua maior paixão: os originadores ou os inventores? Quero dizer: prefere Robert Johnson ou Jimi Hendrix? Les Paul ou Gibson?

Uma questão desafiadora para empacotar a cabeça... Robert Johnson cantou o blues e Hendrix forçou as cordas. Aquelas coisas distantes, desde então, reverberam através das gerações. Fender, Gibson, Gretsch: segure-as bem firme e espanque-as!

 

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Após 41 anos da formação do ZZ Top, a indústria musical que vocês conheceram entrou em colapso. Hoje, temos MP3, iPods, internet e outras maravilhas no mundo da música. Como tudo isso afetou seu jeito de fazer música?

Quando o ZZ começou, havia apenas aqueles charmosos singles de vinil e álbuns de vinil. Doçura! Mesmo aqueles velhos 8 canais e as fitas cassetes, nós adoramos aquilo também. Aí vieram os CDS e nós também embarcamos. Ultimamente, é menos a respeito de forma e plataforma e muito a respeito de groove. E a respeito de colocar nos nossos fãs implantes cerebrais com receptores e empurrar-lhes algo. Todo mundo pode encontrar o que procura quando se trata de sair do controle e farejar o essencial.

 

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Bandas como ZZ Top e Allman Brothers, com mais de 40 anos de estrada, ainda fazem grande música hoje em dia. Qual o segredo de manter ainda o rock’n’roll relevante após tantos anos?

Não se pode forçar nada. ZZ Top e Allman Brothers são fruto de um cálculo misterioso e totalmente fundado na sorte. É apenas o que sabemos fazer e quando a resposta é em alto e bom som, é sinal de que estamos indo na direção certa.

 

Vocês vêm do Sul dos Estados Unidos, como Elvis e Jerry Lee Lewis. Os condimentos do R&B são fundamentais para vocês?

Blues, R&B, soul, country: parece que tudo vem do mesmo lugar e quando esses gêneros caíram em cima da gente, estava feito o negócio. É claro que continuamos parte daquele moto-contínuo.

 

ZZ TOP. Via Funchal. Rua Funchal, 65, Vila Olímpia, telefone 2144- 5444. Hoje e amanhã, 22 horas. De R$ 200/R$ 500.

 

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