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Paulinho da Viola inaugura teatro e faz temporada em SP

Depois de dez anos sem fazer uma longa temporada de shows o músico inicia série de apresentações no palco do novo Teatro Fecap

Por Agencia Estado
Atualização:

Bem alinhado, de cavaquinho ou violão em punho, lá vem o compositor e cantor Paulinho da Viola cumprir uma longa temporada de shows, como não fazia havia coisa de dez anos. Talvez desde a turnê do excelente disco "Bebadosamba", recorda-se o músico. Paulinho ficará em cartaz até 8 de outubro, sempre de quinta a domingo, no palco do novo Teatro Fecap, que será inaugurado nesta quarta-feira para convidados, dentro da tradicional instituição de ensino Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), em São Paulo. "A idéia de se fazer uma temporada possibilita melhorar o repertório", observa Paulinho. Acompanhado por sua banda, formada por bateria, percussão, baixo e ritmos, o músico montou um novo show. Precisou contar com uma pequena ajuda do produtor e agente cultural Homero Ferreira, responsável pela coordenação técnica do teatro. "O repertório foi uma dificuldade enorme, porque é muita coisa. A idéia não era fazer uma retrospectiva", conta Paulinho. No roteiro, ele quis contemplar seu universo particular, povoado por choros e sambas de sua autoria e de outros compositores. "Vamos tentar unir essa coisa do urbano do Rio com o urbano de São Paulo." Paulinho diz gostar muito de São Paulo. Hoje vem à cidade menos do que gostaria, mas houve uma época em que vinha com freqüência e se lançava em passeios por diversas partes, lugares que lhe eram indicados. "É uma honra inaugurar em São Paulo todo um projeto ligado à música brasileira." Paulinho solucionou seu novo show em blocos: um bloco de sambas, um de choros ("Só instrumental, é uma forma de mostrar que sou um compositor de choros, algo pouco conhecido"), e um outro bloco, aberto no programa, em que o músico terá liberdade de executar canções que bem quiser, talvez só na base da voz e violão. Nesse bloco em específico, deve fazer homenagem a Cartola, Candeia ou outro mestre. Dentro disso tudo, ele promete incluir músicas que há tempos não trazia para seus shows, como "Recomeçar" e "Não Quero Você assim". E composições novas, como "Bela Manhã", "Ela Sabe Quem Eu Sou", "Para mais Ninguém" (já gravado por Marisa Monte), "Sempre se Pode Sonhar" (parceria com Eduardo Gudin, que entrou no novo CD do músico paulistano). Outra recente, "Talismã", surgiu de uma brincadeira: "Ia muito à casa da Marisa (Monte) e encontrava o Arnaldo (Antunes). Deixei um samba bem tradicional e queria ver se eles botavam letra." Paulinho não nega que Marisa o tenha estimulado a compor novas canções. Quer lançar um novo CD, mas sem pressa. Não se comprometeu com nenhuma gravadora, nem entrou em estúdio ainda. "Têm aparecido muitos projetos para participar", tenta justificar. Mas bem se sabe que o músico tem o próprio ritmo. "Meu processo é meio cansativo, porque vou mudando, mexendo. Isso vai me angustiando um pouco. Não pode ser assim, essa insegurança, mas é um processo meu", descreve. "Quando estiver tudo pronto, vou falar com as pessoas." Dono de uma fala mansa, porte elegante e repertório de bom gosto, Paulinho da Viola faz jus ao velho título de Príncipe do Samba. Título que ele próprio renega. Acha que o verdadeiro merecedor de tal título seria o sambista Roberto Silva. "Ele é o maior compositor de sambas. Acompanhei muitas gravações dele quando era pequeno, levado por meu pai. Ficava no meu canto, assistindo." Diante de tamanha importância, Paulinho da Viola acredita que não passe de um mero vassalo. Paulinho da Viola. Teatro Fecap (400 lug.). Avenida Liberdade, 532, 0800 551902. São Paulo. 5.ª a sáb., 21 h; dom., 19 h. R$ 80

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