Paul McCartney reverencia mestres do jazz em 'Kisses On The Bottom'

Novo disco do ex-Beatle traz releituras de clássicos da música norte-americana

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Por Felipe Branco Cruz - Jornal da Tarde
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A cena foi descrita pelo próprio Paul McCartney, de 69 anos, em entrevistas à imprensa internacional. Para ele, seu novo disco Kisses On The Bottom, que chega nesta terça-feira, 7, ao Brasil – após lançamento mundial ontem –, é um daqueles CDs que “escutamos ao voltar do trabalho, com uma taça de vinho, ou uma xícara de chá”. De fato, o novo trabalho do ex-beatle, o 15º de sua carreira solo, é leve, intimista e simples. Para o repertório, ele escolheu gravar clássicos do jazz do início do século 20 e standards da música americana que eram cantados por seus pais nas noites de Ano Novo.

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No álbum, há apenas duas canções inéditas compostas por Paul: My Valentine, escrita, segundo o próprio músico, num Dia dos Namorados chuvoso no Marrocos, com sua mulher Nancy Shevell. Nesta canção, Eric Clapton empresta sua guitarra para um certeiro solo. Sua outra música é Only Our Hearts, que conta com a gaita de Stevie Wonder.

A cantora e pianista Diana Krall também participa do disco como produtora, ao lado do produtor veterano Tommy LiPuma (que já trabalhou com nomes como Barbra Streisand e Miles Davis). Diana toca piano no álbum e cedeu os músicos de sua banda para gravarem também algumas canções.

Durante 50 minutos de audição, Paul brinda o ouvinte com emocionadas interpretações para 14 canções como It’s Only a Paper Moon, Always, My Very Good Friend the Milkman e Bye Bye Blackbird. O título do álbum, Kisses On The Bottom, faz referência à letra da música I'm Gonna Sit Right Down and Write Myself a Letter (gravada por Frank Sinatra em 1954, no seu álbum Swing Easy) – e que, se for traduzido ao pé da letra, significa Beijos no Traseiro. Nele, Paul, que não lançava um disco de estúdio desde Memory Almost Full, de 2007, faz um trabalho singelo, despretensioso e que cumpre o que promete: homenagear os mestres do jazz que o influenciaram.

De acordo com o músico, o trabalho foi a forma que ele encontrou para conciliar sua vocação musical com a vontade de descansar, conviver mais com a família e resgatar suas memórias. A sensação que se tem é a de estar ouvindo a trilha sonora de um filme de Woody Allen.

Sir Paul McCartney já é um senhor de quase 70 anos. Portanto, nada mais natural que queira desacelerar um pouco. O problema é que ele não desacelerou. Pelo contrário. Ainda para este ano, ele planeja lançar outro disco, só que desta vez de inéditas. Mas Paul não adiantou como será. Em entrevistas, ele brincou dizendo: “Talvez não seja pop, talvez seja rock, talvez psicodélico... Quem sabe?”.

Não é cover. É homenagem. Em Kisses On The Bottom, Paul não toca nenhum instrumento. O trabalho todo foi deixado para os amigos. No álbum, ele atua apenas como intérprete. “Há anos, eu queria tocar algumas velhas canções da geração dos meus pais”, disse o músico, em depoimento a jornalistas no exterior. “Não tive a impressão de ter tido um trabalho duro nesse disco.”

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Não cabe também chamar este de um álbum de covers. Para Paul, é uma homenagem. Segundo o músico, essas canções foram usadas por ele e John Lennon como base de suas próprias canções. “Quando comecei a me interessar por composição, percebi quão estruturadas estas canções eram e aprendi muitas lições.”

Na próxima quinta, dia 9, ele será homenageado em Los Angeles, com uma estrela na Calçada da Fama. Até hoje, Paul era o único beatle que não tinha sua estrela em Hollywood. A estrela deverá ficar localizada próximo ao edifício da Capitol Records, onde Paul gravou este disco.

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