Parte do catálogo de Bob Marley é adquirido por distribuidora

Com acordo de 50 milhões de dólares, Primary Wave compra direitos autorais do ídolo do reggae da Island Records

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Por Ben Sisario
Atualização:

Quando Chris Blackwell, fundador da gravadora Island Records, conheceu o músico itinerante Bob Marley, em 1972, ele teve a intuição de que o jovem artista encontraria sucesso. 

“Ele tinha uma espécie de aura ao seu redor”, Blackwell, 80 anos, recordou em uma entrevista recente. “Eu tinha a sensação de que ele teria impacto.” 

Chris Blackwell, à esquerda, fundador da Island Records, e Larry Mestel, da Primary Wave Foto: Karsten Moran/The New York Times

Mas Blackwell disse que não imaginava o tipo de canonização na cultura pop que Marley teria no fim das contas: dezenas de milhões de álbuns vendidos, reconhecimento instantâneo de seu nome e dreadlock por todo o mundo, e um patrimônio que, pela estimativa da revista Forbes, cresceu 23 milhões de dólares no último ano, parcialmente graças à venda de produtos licenciados como alto-falantes, café e a cannabis da Marley Natural. 

O músico Bob Marley, lenda do reggae, teve seu catálogo adquirido pela Primary Wave Foto: Arquivo/AE

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Enquanto a família de Marley, que morreu em 1981, aos 36 anos, controla a maioria dos ativos de sua herança, Blackwell controla os direitos de publicação de seu catálogo musical, incluindo os direitos autorais de canções clássicas de reggae como One Love e Three Little Birds. No sábado, 13, Blackwell assinou um acordo de 50 milhões de dólares com a Primary Wave Music Publishing, uma empresa musical de Nova York, a mais recente em uma sequência de transações relevantes, refletindo o quanto o streaming impulsionou o valor dos catálogos musicais. 

“A distribuição primária é absolutamente importante, mas não é tão empolgante”, disse Blackwell, que fala em um sotaque cadenciado, suave e britânico, mas carrega dois aparelhos celulares que tocam constantemente. “Mas agora é o negócio na música. As gravadoras costumavam produzir, e essa era a diferença entre uma gravadora e uma distribuidora. Tudo isso já era agora.” 

Pelo acordo, a Primary Wave vai controlar 80% da parte de Blackwell em dois catálogos: as músicas de Marley e a Blue Mountain Music, uma distribuidora que Blackwell criou em 1962, que detém hits do reggae de Toots & the Maytals e clássicos do rock de Free (All Right Now) e Marianne Faithfull. Blue Mountain também tem direito a canções do U2, mas essas estão excluídas do negócio, segundo Blackwell.

A Primary Wave se embrenhou em um nicho lucrativo na música ao focar em criação de marcas e campanhas de marketing agressivas para o que seu fundador, Larry Mestel, chama de “negócio dos ícones e lendas”. A empresa tem um catálogo relativamente pequeno de mais ou menos 12 mil faixas — seu cardápio contém Smokey Robinson, Def Leppard e Steve Cropper, que escreveu (Sittin’ On) The Dock of the Bay com Otis Redding — que ela promove pesadamente por meio de conexões comerciais, filmes e programas de TV. / Tradução de André Cáceres

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