Papel de Norman Granz foi fundamental para o jazz

O empresário e promotor morreu aos 83 anos, em sua casa na Genebra, Suíça, por causa de complicações decorrentes do câncer

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Por Agencia Estado
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Americano de Los Angeles, nascido em 6 de agosto de 1918, Norman Granz dedicou toda sua vida ao jazz, tanto como promotor de concertos, como dono de gravadora ou produtor de filmes. Junto com o fotografo Gjon Mili, ele fez Jammin? The Blues, em 1944, filme considerado até hoje como o melhor curta-metragem já feito sobre o estilo músical. Depois disso, Granz resolveu criar o Jazz At The Philharmonic (JATP), uma jam session com vários músicos de em um único palco. Entre eles nomes como os saxofonistas Lester Young, Coleman Hawkins, Charlie Parker e Benny Carter, o pianista Oscar Peterson, o baterista Gene Krupa e a cantora Ella Fitzgerald. Esses concertos correram os Estados Unidos, Europa e Japão. Granz fazia questão de hospedar os músicos, na sua maioria negros, com mordomias que a maioria deles nunca teve. Em 1946, Granz lançou sua primeira gravadora, a Clef, e tinha como base as gravações feitas durante as turnês do JATP. Em 53, criou um novo selo, o Norgram, que junto com o Clef, foi responsável por 50% dos lançamentos de jazz no mercado no meio da década de 50. Em um único mês, por exemplo, foram lançados 25 novos títulos. Em 1956, Granz criaria o que até hoje é sinônimo de jazz, a gravadora Verve, e estreou com um disco da cantora Anita O? Day. Mas foi com Ella Fitzgerald que Granz ganharia notoriedade. Ele produziu os songbooks de Fitzgerald de 56 até 66. Entre eles estavam tributos para Gershwin, Cole Porter e Jerome Kern. Os antológicos registro entre Ella e Louis Armstrong, a parceria da cantora com o maestro e arranjador Nelson Riddle e os últimos discos de Billie Holiday também estiveram sob a batuta de Granz. Em 1967, Granz resolveu terminar com as turnês do JATP. Felizmente mais de 200 discos foram lançados registrando esses concertos. Um dos melhores, gravado no Japão em 53, trazia além das jams, shows solos de Fitzgerald, Krupa e Peterson. As experiências do Jazz At The Philharmonic são tidas como a mola propulsora dos festivais de jazz, como os de Montreux, na Suíça, o JVC, em Nova York, e o de Montreal, no Canadá. Ainda em 67, a multinacional Polydor comprou a Verve e ampliou a fama da gravadora. Uma das marcas registradas da Verve era que o próprio Granz escrevia os encartes dos discos e fazia questão de frisar: ?disco supervisionado por Norman Granz?. Com o fim das turnês do JATP, Granz voltou novamente as atenções para a produção de discos. Em 1973, em Los Angeles, fundou a gravadora Pablo. Com este selo, que é distribuído atualmente pela Fantasy, Granz realizou o sonho de retomar a carreira de vários músicos esquecidos pelo público. O caso mais clássico foi do mito Art Tatum, pianista morto em 56. Com o lançamento da série Masterpieces, Granz, 20 anos depois, colocou Tatum no lugar de destaque que sempre mereceu. Além de Tatum, o saxofonista Art Pepper, o guitarrista Joe Pass, o trompetista Dizzy Gillespie e os pianista Red Garland e Thelonious Monk também tiveram seus discos, até então inéditos, relançados pela gravadora Pablo. Com sua morte, não só o jazz, mas a música como um todo perde uma das mais brilhantes e competentes figuras do século 20. Sua colaboração para a difusão do jazz em todo mundo será lembrada para sempre. Seu perfeccionismo e abnegação diante da música são exemplos que devem ser seguidos por todos que, como Granz, admitem que a música está acima de classe social ou raça, é universal e deve ser levada a todos os cantos do mundo.

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