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Paixão segundo Bach, no Municipal

A Orquestra Sinfônica Municipal vai apresentar A Paixão Segundo São Mateus e A Paixão Segundo São João, sob a regência do maestro chileno Juan Pablo Izquierdo

Por Agencia Estado
Atualização:

Embora o gênero "paixão" não tenha surgido com Bach (já estava presente no século 17, em especial com o trabalho de Heinrich Schütz), o compositor alemão consagrou-se como um mestre na arte de transformar em música passagens do Evangelho. Bach compôs cinco, das quais apenas duas chegaram aos nossos dias: A Paixão Segundo São Mateus e A Paixão Segundo São João, que a Orquestra Sinfônica Municipal, dirigida pelo maestro chileno Juan Pablo Izquierdo, interpreta terça e quinta-feira no Teatro Municipal. Ao seu lado, o Coral Lírico Paulistano, liderado por Samuel Kerr, e os solistas Gerd Türk, Marcos Fink, Ingrid Schmithüsen, Mariselle Martinez, Douglas Ahlstedt, Victor Torres e Mario Videla. Quando Bach compôs a peça, em 1724, acabara de assumir o cargo de kantor da Igreja de São Tomás, uma das mais importantes de Leipzig - cidade em que o compositor passou grande parte de sua vida -, e de professor na Thomasschule. Como kantor, era sua tarefa compor e dirigir música para as igrejas de São Tomás e de São Nicolau. Segundo Izquierdo, diretor artístico e musical da Orquestra Sinfônica do Chile, A Paixão Segundo São João é uma das mais importantes peças de todo o repertório de Bach. "Esta é uma das grandes composições de Bach e um monumento da história da música universal", afirma. Harmonia - Com uma grande variedade de texturas e considerada a mais dramática das paixões, a peça exige grande harmonia entre solistas, coro e orquestra. "Cada grupo interpreta um papel dentro da obra: alguns cantores do coro propagam as palavras do Evangelho, outros incorporam as pessoas e as suas reações perante as palavras das Sagradas Escrituras e os solistas da orquestra fazem alusão às conseqüências das palavras do Evangelho na vida das pessoas." Outro ponto ressaltado pelo maestro é a fidelidade com que Bach segue as Sagradas Escrituras. "A obra simboliza muito bem uma união interessante entre música e teologia e é impressionante a devoção com que escreve Bach, como ele se atém ao texto bíblico." O caráter narrativo da obra, apesar de dar tons operísticos à interpretação, não faz da Paixão uma ópera de temática litúrgica. "É possível fazer aproximações, principalmente no que diz respeito à semelhança com a tragédia grega, no entanto, são coisas completamentes diferentes", atesta Izquierdo. Orquestra - Sem muita tradição na interpretação de Bach, razão pela qual o ex-diretor do Teatro Municipal Isaac Karabtchevsky explicou, no início do ano, a ausência de grandes homenagens aos 250 anos da morte do compositor na programação do grupo, a orquestra, na opinião de Izquierdo, tem-se mostrado bastante eficiente na busca pela recriação de uma qualidade sonora que se aproxime do período barroco. "Esta é uma excelente orquestra, no entanto é uma orquestra de ópera, portanto grande parte de nosso trabalho tem sido a tentativa de aproximar ao máximo nossa maneira de tocar ao estilo barroco." Dificuldade que, no entanto, não se limita à orquestra. "Também o coro tem de modificar seu modo de cantar, aproximando-se do estilo barroco de canto, bastante específico." No entanto, apesar dessas dificuldades, Izquierdo acredita em um bom resultado. "O universo de Bach não tem limites, sua música permite a utilização de instrumentos modernos porque o que ele compôs vai muito além disso", acredita. E cita o pianista brasileiro Jean Louis Steuerman, exímio intérprete de Bach, como exemplo. "Ao piano, ele consegue recriar com maestria o universo do compositor." Para ele, Bach permite múltiplas formas de interpretação. "Não se trata de tocar de um jeito ou de outro, mas de perceber que há espaço para todos." A Paixão Segundo São João. De Johann Sebastian Bach. Terça (esgotado) e quinta, às 21 horas. Regência de Juan Pablo Izquierdo. De R$ 5 a R$ 50. Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n.º, tel. 222-8698

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