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Otello, de Verdi, abre programa de óperas em Manaus

A montagem tem cenários feitos com projeções de imagens e teve como destaques a participação da soprano Eiko Sendae do barítono Lício Bruno

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma nova produção do Otello, de Giuseppe Verdi, abriu na noite de ontem a programação de óperas do Festival Amazonas, em Manaus. Assinada pelo argentino Marcelo Lombardero, diretor artístico do Teatro Colón, de Buenos Aires, a montagem tem cenários feitos com projeções de imagens e teve como destaques a participação da soprano Eiko Senda como Desdêmona e do barítono Lício Bruno como o vilão Iago, assim como a regência de Luiz Fernando Malheiro. Como o general Otello, o tenor galês Dennis O´Neill ficou muito aquém das possibilidades deste que é um dos mais interessantes papéis do repertório operístico. A voz, sem coloridos, contrastes, uniu-se a uma atuação cênica caricata, resultando em uma recriação amaneirada, monótona, sem sutilezas da personagem, inspirada na tragédia de Shakespeare. Já Lício Bruno soube aproveitar todas as sutilezas do texto de Iago, que desperta no general o ciúmes que o levará a assassinar sua mulher. E, como Desdêmona, Eiko Senda mostrou bem a transformação da personagem ao longo da ópera, do êxtase do amor juvenil à certeza da morte que se aproxima, culminando em uma cena final comovente, expressiva na Ária do Salgueiro e bastante segura nos agudos da Ave Maria. A concepção sombria de Lombardero resulta em momentos visualmente muito bonitos. Mas a direção de atores é quase sempre estática. O que nada tem a ver com a dramaticidade da música de Verdi, recriada habilmente pela regência do maestro Luiz Fernando Malheiro, que conduziu a Amazonas Filarmônica, após um início um tanto hesitante, em momentos inspirados como o dueto do primeiro ato entre Otelo e Desdêmona; ou todo o terceiro ato, que culmina na cena em que ela é humilhada pelo marido diante de toda a corte. Foi muito sensível também o acompanhamento do terceiro ato, quando, no momento em que Otelo se despede do corpo da esposa, a orquestra recupera a melodia que, no início da ópera, simboliza a paixão dos dois. O Festival Amazonas continua amanhã à noite com a estréia de uma nova produção do Otelo escrito pelo compositor Gioachino Rossini também a partir da tragédia de Shakespeare.

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