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Osesp recebe compositor de "O Tigre e o Dragão"

O músico chinês Tan Dun, vencedor do Oscar 2001 pela trilha do filme de Ang Lee, é o convidado da orquestra amanhã e sábado

Por Agencia Estado
Atualização:

O compositor chinês Tan Dun é o convidado desta semana dos concertos, quinta e sábado, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Ele é hoje uma das figuras mais celebradas da composição erudita internacional, o que em parte se deve ao Oscar que recebeu em 2001 pela trilha de O Tigre e o Dragão. Antes, no entanto, a obra controversa de Tan Dun - que utiliza, por exemplo, a água como "instrumento" solista - já havia recebido prêmios como o Grammy (dado à ópera Marco Polo). O compositor também aceitava encomendas de diversos grupos, entre eles a Filarmônica de Nova York dirigida por Kurt Masur. O prêmio da Academia, porém, levou sua música a um público mais amplo - cerca de um milhão de discos com a trilha foram vendidos só em 2001, um recorde para um compositor contemporâneo. Mas não foi apenas o Oscar que espalhou pelo planeta a obra de Tan Dun. A premiação foi polêmica: para muitos pareceu um erro não dar a estatueta daquele ano à trilha de Ennio Morricone para Malena. Mas sua obra conta com divulgadores de peso, músicos como o violinista Ytzhak Perlman e o violoncelista Yo-Yo-Ma, amigos que incluem peças de Tan Dun nos programas dos recitais que fazem em todo o mundo. E o próprio compositor acostumou-se a viajar pelo mundo, interpretando sua obra e se reunindo com estudantes de composição, como fará esta semana em São Paulo, em concertos que terão também a participação do maestro Wagner Politschuk. O repertório das duas apresentações foi escolhido sob medida (leia mais). É composto de obras-chave para entender o universo da composição de Tan Dun. Em outras palavras, demonstram a sua ligação com a tradição chinesa, manifestada tanto na utilização de materiais orgânicos (como a água e o papel) como instrumentos que se somam ao som da orquestra sinfônica tradicional como na presença do xamanismo (crença de que os espíritos maus ou bons são dirigidos pelos xamãs, ou exorcistas). Essa filosofia, de um modo ou de outro, está no centro da concepção de música e do trabalho do compositor presente em toda a sua produção. "O músico pode, por meio de sua obra, comunicar-se com os deuses", diz ao Estado em entrevista por telefone de Nova York, onde mora há quase 20 anos, após ter deixado a China, onde foi perseguido pelo caráter polêmico de sua música (leia entrevista com Tan Dun).

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