Osesp interpreta Francisco Braga

Deste carioca que compôs o Hino à Bandeira, de 1906, a orquestra vai executar Variações sobre um Tema Brasileiro, composta em uma época em que se discutia os componentes da verdadeira "música brasileira"

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Por Agencia Estado
Atualização:

Desde o início do ano, o Projeto Criadores do Brasil promove concertos dedicados em parte a composições de autores brasileiros. Como parte deste programa, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo apresenta, na Sala São Paulo, as Variações Sobre um Tema Brasileiro, de Francisco Braga e também peças dos estrangeiros Alfred Schnittke e Felix Mendelssohn-Bartholdy. A regência será do austríaco Günter Neuhold e a pianista Emma Schmidt será a solista. O carioca Franscisco Braga, compositor do Hino à Bandeira, de 1906, começou seus estudos no Imperial Conservatório de Música. Em alguns anos, recebeu um convite para estudar na França durante dois anos. Em Paris, conquistou o primeiro lugar no concurso do Conservatório Nacional, na classe de composição de ninguém menos que o compositor Jules Massenet, que pediu ao Ministério do Interior a prorrogação de sua bolsa. De lá, foi para a Alemanha, antes de retornar ao Brasil. As Variações sobre um Tema Brasileiro surgem em uma época na qual o folclore era defendido por Mário de Andrade como o principal tema e preocupação de um compositor que estivesse interessado em fazer "música brasileira". Em meio à exigência modernista, Braga, até então considerado um compositor de fortes traços europeus, começou a trabalhar com temas nacionais, assim como outros autores como, por exemplo, Alberto Nepomuceno. Na seqüência, a Osesp interpreta o Concerto Para Piano e Orquestra de Alfred Schnittke. Filho de um judeu-alemão nascido em Frankfurt, Schnittke mudou-se muito jovem com os pais para a União Soviética. Começou seus estudos, no entanto, em Viena, em 1946. Dois anos mais tarde, voltou a Moscou, onde prosseguiu com o aprendizado, formando-se em regência coral e fazendo pós-graduação em composição. Durante muitos anos, sua música foi obscurecida pela presença do comunismo. A saída foi escrever para o cinema: ele é autor de mais de 60 trilhas de filmes. No entanto, sua obra é grande e ele transitou por diversos gêneros de composição. Ao todo, é autor de nove sinfonias, seis concerti grossi, quatro concertos para violino, dois concertos para violoncelo, um concerto para piano, um concerto triplo e grande quantidade de música de câmara. A solista das apresentações será a pianista austríaca Emma Schmidt, que já atuou com grandes orquestras, como a Sinfônica de Viena, a Orquestra da Rádio de Moscou, a Filarmônica de Dresden e a Halle Orchestra, além de ter participado de festivais, entre eles o de Salzburg. Por fim, a orquestra toca a Sinfonia n.º 3, Escocesa de Mendelssohn. De família rica, o compositor nadava, praticava equitação, dançava, enfim, em nada parecia ligado ao ideário sofredor do romantismo. Estudou com Hegel e era grande amigo de Goethe, dedicando-se também à literatura, ao estudo de línguas e ao desenho. Sua Sinfonia Escocesa, como a Italiana, escrita anos mais tarde, busca, a partir das impressões pessoais, reproduzir por meio da música um ambiente nacional. Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Quinta-feira, às 21 horas, sábado às 16h30. De R$ 10,00 a R$ 30,00. Sala São Paulo. Praça Júlio Prestes, s/n.º, tel. 3337-5414

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