Osesp apresenta concerto para mão esquerda de Ravel

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Por Agencia Estado
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Entre 1929 e 1931, o compositor francês Maurice Ravel esteve envolvido na composição - sob encomenda de Paul Wittgenstein, irmão do filósofo Ludwig Wittgenstein - de um concerto para piano a ser executado apenas pela mão esquerda. Não foi o primeiro a compor uma obra desse tipo - os russos Scriabin e Liapunov já o haviam feito - mas talvez seu Concerto para Mão Esquerda seja o mais importante desse repertório. E será executado amanhã e sábado pelo pianista Michel Beroff ao lado da Sinfônica do Estado, que será regida pelo maestro Gunther Neuhold, em substituição a Hans Graf, que cancelou sua vinda ao Brasil por causa de um problema de tendinite. "É um concerto de escrita muito interessante, uma obra bastante forte", diz Beroff. Escrita após a 1.ª Guerra, o concerto foi encomendado pelo Wittgenstein pianista, que perdeu um dos braços na guerra (mais de um autor já ressaltou a ironia de Ravel e Wittgenstein terem lutado em lados opostos durante o conflito). Para Beroff, que já gravou esta peça em Londres com o maestro Claudio Abbado, fica clara a intenção de Ravel de escrever um concerto que não apenas compense a falta de uma das mãos do pianista, mas que se sustentasse como uma das referências dentro do repertório para piano e orquestra. "É um concerto único, extremamente bem pensado em termos de estrutura, orquestração, unidade, elementos que falam por si só quando se executa ou ouve a obra." Tudo isso, obviamente, cria uma série de dificuldades para o intérprete, ressaltadas pelo pianista francês. "O que é mais difícil? Basicamente tudo. O concerto possui coloridos distintos, diferentes vozes, que você precisa recriar, com uma mão só. Para isso, a mobilidade, o aspecto físico, são elementos fundamentais. É como se dividíssemos uma mão em várias partes." E isso para não falar da orquestra, "enorme". "Você está sozinho contra toda aquela massa sonora. Mas, o concerto é tão inteligente que torna tudo isso possível de se fazer e é aí que está o grande desafio." O programa da apresentação é completado pela suíte n.º 2 de Daphnis e Chloé, também de Ravel, a Sinfonia n.º 36, Linz, de Mozart, e a Fantasia Coral Op. 80, de Beethoven. Serviço - Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Amanhã, às 21 horas; sábado, às 16h30. De R$ 12 a R$ 36.Sala São Paulo. Praça Júlio Prestes, s/n.º,tel. 3337-5414.

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