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Os Rolling Stones aceitam com ironia a censura chinesa

Mick Jagger declarou hoje que não está preocupado com a censura chinesa a quatro canções da banda, pois pode cantar outras "quatrocentas"

Por Agencia Estado
Atualização:

O vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger, declarou hoje que não está preocupado com as limitações impostas pela censura chinesa, que proibiu a banda de cantar músicas que fazem alusões ao sexo e às drogas. Os Stones se apresentam amanhã, para oito mil pessoas, no Xangai Grand Stage, em Xangai, e o show será transmitido pela Televisão Central da China (CCTV). "Felizmente, nós temos mais de 400 músicas para tocar então (a proibição) não chega a ser realmente um problema", disse Jagger, em tom sarcástico. "E depois, sempre podemos tocar uma versão instrumental", comentou o guitarrista Keith Richards, sugerindo um convite para que o público cante as letras censuradas. As autoridades cortaram quatro músicas dos melhores hits 2002 da coleção da banda, 40 Licks, e Jagger disse que pediram a ele para não tocá-las no show, bem como qualquer outra cujo nome fosse desconhecido. O pedido já havia feito em 2003, quando a banda tinha planejado se apresentar na China, mas por causa da epidemia de Sars (síndrome respiratória aguda) foi obrigada a mudar de idéia. Na época, ficou estabelecido que Honky Tonky Women, Let´s Spend The Night Together, Beast Of Burden e Brown Sugar não estariam no repertório. Jagger disse que tinha esperanças que dessa vez o pedido não fosse feito novamente, "mas ele veio". Não revelou quais foram as músicas proibidas desta vez, embora haja um boato que seja Rough Justice, a música de abertura do novo álbum da banda - e nome da turnê - A Bigger Bang. Não é a primeira vez Não é a primeira vez que os Stones são censurados. Em 1967, o programa de TV norte-americano The Ed Sullivan Show pediu para que a banda mudasse a letra de Let´s Spend the Night Together (Vamos Passar a Noite Juntos). Jagger cantou "let´s spend some time together" ("vamos passar algum tempo juntos"). Mais recentemente, durante show dos Stones no Super Bowl, a Liga de Futebol norte-americana proibiu a banda de cantar músicas que remetessem ao sexo. Mesmo sendo a primeira vez que visitam a China, os Stones não provocaram o furor que causaram nos fãs dos outros países por onde passaram com a turnê. Desde agosto do ano passado, estiveram nos Estados Unidos, na América do Sul e no Japão. Vale destaque o show da banda para mais de 1 milhão de pessoas na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 18 de fevereiro. O rock foi proibido na China durante décadas, acusado de ser um sintoma da decadência capitalista, burguês e "contra-revolucionário". Por isso, ainda é um gênero desconhecido pela maioria da população. Agora, a histórica transmissão pela televisão do show dos Stones será utilizada pela China como um novo símbolo de sua abertura para músicas do gênero. No jornal Xangai Morning Post publicou, esta semana, na primeira página da seção de entretenimento: "Os Rolling Stones vêm para Xangai, mas eles se apresentarão somente para estrangeiros". As entradas para ver a banda ganharam preços internacionais, que vão de 300 aos 3 mil yuan (10 yuan equivalem a 1 euro), considerados exorbitantes para uma cidade onde o salário médio é de 1.700 yuan por mês.

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