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Os 80 anos do maestro Olivier Toni

O maestro, figura ativa dos principais movimentos musicais paulistanos desde os anos 40, fundou, entre outras, a Orquestra Sinfônica Jovem de São Paulo

Por Agencia Estado
Atualização:

O maestro Olivier Toni completa, nesta sexta-feira, 80 anos fazendo aquilo que mais gosta: compor e ensinar. Figura ativa de todos os principais movimentos musicais paulistanos desde os anos 40, o maestro foi fundador da Orquestra Sinfônica Jovem de São Paulo, em 1968, da Escola Municipal de Música de São Paulo, em 69, do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da USP, em 70, além do Festival de Música de Prados, em Minas. Todas iniciativas motivadas por seu desejo de criar centros de formação de profissionais da música. Sua vocação para ensinar vem desde a época em que era apenas um jovem estudante de música. "Tive sorte de ter bons professores", diz Toni, que foi aluno, entre outros, de Camargo Guarnieri. "Muitos jovens sem condições financeiras sabiam que eu estudava música e me procuravam. Eram jovens que moravam perto de casa, ou alunos da faculdade de Filosofia, que eu cursava." A partir daquele momento, ele percebeu que o ensino era uma missão social, focando seus esforços para a democratização do acesso à música. É o que motivou a criação de espaços como o Departamento de Música, na USP, e a Escola Municipal de Música, que mantêm essa filosofia até os dias de hoje. "A Escola Municipal de Música é um ambiente onde se encara a sério o ensino da música. Tem bons professores e é aberta para alunos de grande talento procurá-la." Segundo o professor, 3.200 pessoas passam por testes, mas só 400 são admitidas na escola, inclusive talentos, que, muitas vezes, vindos de famílias pobres vêm ali a possibilidade de seguir a carreira de músico. Toni conta que existe um projeto de revitalização da área que compreende o Teatro Municipal, o que envolveria a transferência da Escola Municipal para um antigo conservatório nas imediações. "A atual sede da escola possui bastante espaço, mas não tem auditório e passaria a ter se fosse para o conservatório." De acordo com ele, o projeto surgiu na gestão do prefeito Serra e, ao que se sabe, deve ser levado adiante pela atual Prefeitura. "Ao lado da escola, a idéia é criar um centro de documentação, de arquivo, reunindo todo o material existente do Teatro Municipal." Sendo professor há anos, Olivier Toni acompanha de perto a situação do ensino de música no Brasil e acredita que, nas escolas de música, não basta apenas se aprender notas, regência, a prática enfim: falta a reflexão. "Os alunos precisam ler, estudar a história da humanidade, do pensamento, a política. Com isso, você vive a música." Para ele, outro problema em vigência é que, em muitos casos, professores que sabem menos que os alunos começam a dar aulas. "A mediocridade está em toda parte." Outra criação sua, o Festival de Prados, realizado todo mês de julho, possui também vocação para o ensino, uma vez que os moradores da cidade têm oportunidade de freqüentar aulas de música. "O importante do festival é isso. Não é invadir a cidade, mas torná-la nosso centro de trabalho."

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