Os 40 anos de estrada do MPB4, em show e DVD

Apresentação traz clássicos da canção brasileira com participações de Zeca Pagodinho, Quarteto em Cy e Milton Nascimento

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Por Agencia Estado
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São 40 anos de estrada e, nesse trajeto, o MPB4 ajudou a fazer a trilha sonora de, pelo menos, duas gerações de brasileiros. O quarteto, que se celebrizou por suas apresentações com Chico Buarque, fez um show comemorativo de aniversário e, dele, saiu o DVD "MPB 40 Anos - Ao Vivo", agora disponível. Entre as músicas, alguns sucessos obrigatórios como "Amigo É pra Essas Coisas", "Refém da Solidão", "Morena dos Olhos d?Água", "Cicatrizes". Outras surpresas, como a standard "Conceição", com participação especial de Cauby Peixoto, ou "Cebola Cortada", com Milton Nascimento. Zeca Pagodinho participa de "Olê, Olá" e Chico Buarque, de "Roda Viva. Para resumir: o DVD é um fino biscoito, uma viagem nostálgica para quem já é fã do conjunto, uma boa iniciação para quem for muito jovem e não o conheceu de outros carnavais. O MPB4 é exemplo de sobrevivência musical. Após 40 anos, continua vivo e forte, com apenas uma mudança em relação à formação original, com Magro, Aquiles, Miltinho e agora Dalmo Medeiros no lugar de Ruy. "Com o Dalmo Medeiros, a personalidade vocal do MPB4 se mantém intacta, preservada para cantarmos tanto os antigos sucessos como os arranjos atuais, criados pelo Magro, desde sempre o nosso diretor musical", diz Aquiles Rique Reis. E, de fato, a qualidade sonora do conjunto está perfeitamente preservada, como pode conferir quem seguiu a carreira deles desde o começo. Alguns arranjos soam mais modernos em comparação com aqueles dos anos 60 e 70, mas nada chocante para quem se acostumou ao som tradicional. Quer dizer, o MPB4 soube tornar o molho contemporâneo sem romper com o seu passado. "O MPB4 muda sem parecer que mudou", confirma Aquiles. O MPB4 surge em meados dos anos 60, na época de ouro dos conjuntos vocais como Os Cariocas e o Quarteto em Cy (que, aliás participa do DVD com "Falando de Amor", de Tom Jobim). Era o auge da música brasileira moderna, tanto no plano estético como em seus desdobramentos políticos. E a essa onda se incorporaram os quatro músicos, vindos de Niterói. Em São Paulo conhecem o compositor Chico de Assis, que cria um pot-pourri de sambas antigos para que eles cantassem junto com o Quarteto em Cy. Dessa forma se aproximam do mitológico programa da Record "O Fino da Bossa", comando por Elis Regina e Jair Rodrigues. Em 1966 começam a participar dos festivais de música, defendendo "Canção de não Cantar", de Sérgio Bittencourt, filho de Jacob do Bandolim. Chico de Assis os apresenta ao outro Chico o Buarque, e daí nasce uma amizade e a futura parceria. "Nós, o Chico e mais a Odete Lara passamos a fazer um show na boate Arpège, no Rio, dirigido pelo cineasta Antonio Carlos Fontoura e o ator Hugo Carvana", lembra Aquiles. O show se chamava "Meu Refrão", logo trocado para "Pra Ver a Banda Passar", pegando carona no sucesso de Chico Buarque, "A Banda". Daí para a frente, a parceria torna-se constante "Ficamos ainda mais próximos graças à música, as peladas e as idas ao Maracanã", lembra Aquiles. "Trabalhávamos sozinhos e com o Chico Buarque. Ele não se apresentava sem o MPB4. Éramos, como dizia o próprio Chico, o MPB5. E mantivemos essa parceria até o início dos anos 1970, quando ele resolveu que ?fugiria? dos palcos." Desde então muita coisa mudou, mas Aquiles acha que a música brasileira continua tão forte e criativa como nos anos 60: "A diferença é que hoje temos uma mídia refratária à presença da MPB", diz. Verdade: é preciso buscar frestas e oportunidades para ouvir a boa música brasileira. Este DVD é uma delas.

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