Orquestra Imperial comanda show-tributo a Tim Maia

Apresentação inicia série de homenagens ao cantor por conta dos dez anos de sua morte, ocorrida em 1998

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Por Pedro Henrique França e da Agência Estado
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Sebastião Rodrigues Maia era tudo ao mesmo tempo. "Ele carregava a estética do excesso", diz o jornalista Nelson Motta. "Mas ele foi a pessoa mais livre que eu vi na minha vida, só fez tudo a hora que quis". Sempre em excessos, intempestivo e temperamental, em março de 2008 fará dez anos que Tim Maia morreu. Com a proximidade da data, a partir desta quarta-feira, 31, uma série de homenagens começa a se espalhar. Ir a um show de Tim Maia era arriscado. Esperava-se horas para que ele subisse ao palco - isso quando de fato realizava os shows. Mariana Aydar lembra bem da experiência. "Fui num show dele em 1994, no Ginásio do Ibirapuera. Ele fez tudo que estava no seu script. Atrasou, mandou parar o som, mas quando tocava quebrava tudo. E é ótimo, porque isso que era o legal: a irreverência", comenta. Coincidência ou não, seu tributo teve problemas de agenda e foi adiado. Previsto para estrear no Rio na semana passada, o show-tributo foi remarcado no território carioca para 21 de novembro por conta das chuvas. Ficou então para a cidade de São Paulo. E os paulistanos podem conferir, nesta quarta, a largada do Tim Maia Imperial De Luxe, que será realizado no Tom Brasil Nações Unidas. A big band Orquestra Imperial, composta por 20 músicos - entre eles, Thalma de Freitas, Nina Becker, Kassin, Domenico Lancelotti e o ex-Los Hermanos Rodrigo Maranhão -, é a anfitriã da noite e receberá convidados. Todos cantando, claro, Tim Maia. Na noite desta quarta, eles dividem o palco com Mariana Aydar, Marcelo Camelo (também ex-Los Hermanos), Toni Garrido, além do grupo carioca Chicas, formado por quatro mulheres. O projeto é iniciativa de uma empresa. Denominado Accenture Performance, trouxeram no ano passado a obra do bossa-novista Marcos Valle. Para a segunda edição, quiseram falar aos jovens. "Temos interesse em dialogar com este público e vimos na obra de Tim Maia essa oportunidade", conta Sylvia Ferrer, diretora de marketing da empresa. "Nada mais moderno do que ser clássico", emenda Steffen Dauelsberg, produtor do Accenture Performances. Para coordenar o evento, a empresa escalou Nelson Motta para ser o curador do show. Ele, que lança em novembro uma biografia do cantor (Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia), queria inovar. Trazer pessoas que não tem sua imagem fortemente ligada, como Jorge Ben Jor, Hyldon ou Claudio Zoli, e dar uma outra cara ao vasto repertório do síndico. "É impossível fazer melhor ou igual que o Tim Maia. Na praia do Tim, já foram realizados todos os tributos. Por isso quis chamar gente de outras gerações, de outros estilos, para trazerem novas versões desses clássicos", argumenta Motta. Segundo Thalma, os ensaios estão sendo muito divertidos. "Todo mundo meio que conhece as músicas. Apesar de gostar do repertório, nunca tinha parado para observar e é ótimo. É legal você redescobrir que é fã", diz ela. No palco, os grandes sucessos nas vozes de novos talentos. "O sucesso do Tim Maia, como ele mesmo dizia, era que seu repertório se divide: é metade esquenta sovaco e metade mela cueca", conta Nelson. "Este show será mais esquenta sovaco", aponta o curador. Mas também terá o tal mela cueca. Quem for ao show irá conferir, entre outras, novas versões para Me Dê Motivo, com Thalma; Nina Becker e Domenico cantam Nuvem; Marcelo Camelo interpreta Azul da Cor do Mar; Mariana Aydar faz Coroné Antonio Bento e Você. "Não à toa o Nelson chamou essa galera, porque todo mundo tem personalidade. Não é cover", comenta Thalma. "Os arranjos estão lindos", suspira Mariana. Motta dá o tom do show: "A ênfase são os clássicos. Impossível não ter Vale Tudo, Réu Confesso e Gostava Tanto de Você". Chamem o síndico: a festa está armada e em alto, bom som e, espera-se, sem atrasos. Mas imprevisto era o lema de Tim Maia e, portanto, "vale tudo, vale o que vier, vale o que quiser..." Tim Maia Imperial De Luxe. Tom Brasil Nações Unidas, Rua Bragança Paulista, 1.281, tel (11) 2163-2000. Quarta-feira, 31 de outubro, às 21h30. De R$ 40 a R$ 100.

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