Orquestra do Teatro Municipal tem novo maestro

José Maria Florêncio é o novo diretor da orquestra, que estava sem regente havia um ano

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Por Agencia Estado
Atualização:

José Maria Florêncio é o novo regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal. Corpo estável do Teatro Municipal, o grupo estava sem maestro fixo desde o início do ano passado, quando o então secretário da Cultura Emanoel Araújo dispensou Ira Levin do posto. Cearense radicado há 20 anos na Polônia, Florêncio está atualmente comandando a orquestra na montagem das Bodas de Fígaro, que abriu a temporada deste ano do teatro. A confirmação do nome de Florêncio apareceu na tarde de quinta-feira, vinda do Gabinete do prefeito José Serra. Mas desde o ano passado seu nome já despontava entre os diversos convidados que, na ausência de um titular, regeram a Sinfônica Municipal ao longo de 2005. Esteve à frente de mais concertos do que os demais; e seu nome apareceu nas listas feitas pelos músicos, ao lado de maestros como Luiz Fernando Malheiro, diretor do Festival Amazonas de Ópera, Roberto Minczuk, diretor da Sinfônica Brasileira, e o norte-americano Ira Levin. O convite oficial foi feito em dezembro. E, como adiantou o Estado no fim de janeiro, dependia apenas da aprovação do prefeito, dada enfim esta semana após encontro de Florêncio com o secretário Carlos Augusto Calil. "É uma pena a confirmação não ter saído antes", disse ontem o maestro em conversa com o Estado. "Se tivesse assumido antes, poderia ter pensado já a programação deste ano. Mas como isso não aconteceu, 2006 vai servir como um ano de transição." Não estão previstas, garante ele, alterações na temporada que acaba de começar. Esta transição, segundo Florêncio, vai servir para que ele se inteire da organização do trabalho da orquestra. "Tenho compromissos fora do Brasil já marcados. Alguns, vou cancelar. Mas outros tenho de manter. De qualquer forma, ao longo do ano espero poder começar a tocar em alguns pontos que acho fundamentais para o grupo atingir melhores performances." O primeiro diz respeito à "organização de trabalho", pequenas coisas do dia-a-dia que "são fundamentais", como a garantia de que as partituras cheguem a tempo para os músicos se prepararem ou mesmo que o rodízio de músicos não seja fruto apenas do acaso. "O segundo ponto diz respeito ao repertório. Já começamos, claro, a pensar em 2007. E, mesmo sem dar detalhes, acho importante manter o espírito de um teatro de ópera, com uma grande temporada lírica. Com os corpos artísticos que temos, é um objetivo alcançável, sem dúvida. Mas, será possível? Vai depender do patrocínio, de investimentos. Quanto ao repertório, também acho importante voltar aos clássicos, Haydn, Mozart, compositores que disciplinam a orquestra, fazem os músicos pensar juntos, afinar juntos, tocar juntos." Ainda sobre a programação, Florêncio diz que seu temperamento com o regente o aproxima muito da música do século 20, de Xenakis, Boulez, Stravinski, Prokofiev, Shostakovich, Penderecki. "Mas não posso montar uma temporada baseada apenas no meu gosto. A programação tem de abarcar os gostos e preferências de uma cidade com um público muito diverso como é São Paulo." De qualquer forma, há um critério que parece guiá-lo. "A música tem uma função social. Quando faço As Bodas de Fígaro, não quero apenas que o público venha dar risada. O que me interessa é a mensagem que a ópera traz sobre a desigualdade social. Se, dos 14 mil espectadores, 10 entenderem, está ótimo. São 10 que vão votar melhor, viver melhor, mudar a realidade que está à minha volta e da qual não gosto." Florêncio é enfático. O trabalho do regente não diz respeito apenas à qualidade musical, tem também uma função social. Nesse sentido, quer criar séries de assinaturas específicas para formação de platéias, com métodos distintos para cada faixa etária. "Precisamos trazer o público para o teatro. Assim, ao mesmo tempo em que educamos, fazemos com que a orquestra ganhe uma importância cada vez maior na sociedade em que se insere."

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