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Orquestra dinamarquesa toca no Ibirapuera e na Sala São Paulo

Por Agencia Estado
Atualização:

A Orquestra Sinfônica Nacional da Dinamarca chega hoje a São Paulo para uma série de três apresentações sob a regência de seu diretor musical, o alemão Gerd Albrecht, na cidade. A primeira delas será domingo, na Praça da Paz do Parque Ibirapuera; as outras duas - segunda e terça (fechada para convidados) - ocorrem na Sala São Paulo. Os concertos terão como solista o jovem violinista Frank Peter Zimmermann. Para o concerto de domingo, um programa - como é de costume em parques - bastante eclético, com peças curtas, ou encurtadas: a Abertura da ópera Tanhäuser e o Prelúdio do 3.º Ato de Lohengrin, peças do alemão Richard Wagner; o Finale do Concerto para Violino e Orquestra de Beethoven; o Scherzo e o Finale da Segunda Sinfonia de Brahms; o poema sinfônico Finlândia, de Jean Sibelius; e trechos das suítes n.º 1 e n.º 2 do Peer Gynt de Grieg. "Concerto em parque é sempre uma surpresa", diz o maestro Albrecht, por telefone de Rosário, na Argentina, onde o grupo fez uma escala antes de seguir para o Brasil. "É perigoso. Nunca se sabe as peças que o sistema de alto-falantes vai pregar. De qualquer forma, todo o repertório precisa ser escolhido de modo a evitar peças com pianíssimos e coisas do tipo. Finlândia, por exemplo, funciona muito bem ao ar livre." Para o concerto de segunda-feira, a orquestra programou as íntegras da Segunda de Brahms e do concerto de Beethoven, além do Pan & Syrink de Carl Nielsen, peça que reflete, segundo Albrecht, "o entusiasmo do compositor com relação à Grécia". "O programa é basicamente romântico, Brahms e Beethoven são marcas registradas dessa orquestra." Criada em 1956, a Sinfônica é um dos poucos grupos orquestrais ligados a rádios que sobreviveram à Segunda Guerra Mundial. Serviu, aliás, como uma espécie de refúgio para maestros alemães que deixaram o país na época da ascensão de Hitler ao poder. Foi o caso de Fritz Busch e Erich Kleiber que, na rota de fuga, acabaram passando também pelo Teatro Colón de Buenos Aires. "A grande especialidade da orquestra, ao longo de seus quase 76 anos de trabalho, é o repertório alemão clássico e romântico, o som do grupo afina-se com esse período", diz o maestro, que esteve aqui em setembro de 2000 regendo a Filarmônica de Dresden. "No entanto, procuramos incluir o repertório contemporâneo na nossa programação, o que amplia as possibilidades da orquestra e torna os músicos, como acredito que o público brasileiro poderá perceber, mais rápidos no processo de compreender a música." Esta escolha, segundo Albrecht, também acaba sendo "imposta" pela ligação com uma estação de rádio, "que grava tudo o que fazemos e é um instrumento de divulgação muito importante". "No entanto, deve-se tomar cuidado com extremos. Interpretar apenas a música nova pode fazer com que a orquestra perca o toque específico que a permite executar o repertório tradicional e ter uma versatilidade, assim como uma qualidade de resposta a diferentes repertórios, maior." Na conta do maestro alemão, de 20% a 30% das temporadas são dedicadas à música contemporânea. Como diretor musical, Albrecht divide a orquestra com outros dois regentes, o russo Yuri Termikanov e o dinamarquês Thomas Dausgaard, principais convidados que, a seu lado, fazem mais de 50% dos concertos anuais da orquestra. "Essa presença é essencial para a educação do som de qualquer orquestra, em especial quando ela se renova constantemente. Hoje, quando se olha os violinos da orquestra, o que se vê são caras jovens, do mundo todo, o que é ótimo mas exige um trabalho cuidadoso de aprimoramento da sonoridade."

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