Óperas de Verdi e Donizetti animam fim de semana

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Ópera é coisa rara no Brasil, mas a partir de sábado o público de São Paulo terá duas opções de espetáculo. No Teatro Municipal estréia A Força do Destino, do italiano Giuseppe Verdi, que ficou fora dos palcos da cidade por quase 60 anos. A outra opção é Don Pasquale, de Gaetano Donizetti, que estréia em Campos do Jordão dentro da programação do Festival de Inverno e que, no dia 27, inicia curta temporada no Teatro São Pedro. Produção do Teatro Municipal, A Força do Destino terá dois elencos distintos. O primeiro deles, além de cantores brasileiros, como Regina Elena Mesquita (Preziosilla) e Douglas Hahn (Melitone), traz três nomes internacionais, desconhecidos do público paulistano: o tenor italiano Antonio de Palma (Don Alvaro), a soprano italiana Michella Remor (Leonora) e o barítono israelense Boaz Senator (Don Carlo). No segundo elenco, apenas brasileiros: o tenor Rubens Medina (Alvaro), a soprano Alpha de Oliveira (Leonora), o barítono Sebastião Teixeira (Don Carlo), a meio-soprano Laura Santos (Preziosilla), o barítono Luiz Orefice (Melitone). Serão seis récitas, com direção musical de Tullio Colacciopo e cênica de Walter Neiva, autor também da cenografia. Neiva afirma que A Força do Destino é uma ópera de variedades. "Há duas óperas dentro de uma só: a história de Alvaro, Carlo e Leonora e as de Melitone e Preziosilla que podem ser retiradas da ação sem prejucar o enredo." Para ele, cada cena da ópera é um fim em si mesma. " É necessário grifar cada elemento para acentuar cada contraste." Como exemplo, ele cita a cena em que Frei Melitone distribui sopa aos pobres. "A cena que não influencia o decorrer da ação e possui um caráter de comédia que procuro ressaltar." A cena do Rataplan possui significação política. "Ela tem fortes ligações com a libertação do norte da Itália pela Áustria. No entanto, minha intenção não é fazer uma afirmação de guerra e, sim, ressaltar a idéia de que essa cena, hoje, é um espetáculo de cor e luzes." Neiva concebeu os cenários todos em papel craft. São 5 km de papel cortados em tiras de 12 metros. "Depois, é só dobrar e guardar. No Brasil, gasta-se muito com cenário e depois se joga tudo no lixo, o que é um absurdo." Os figurinos do coro também mostram que, em tempos de crise, reciclar é mesmo a melhor saída: as 366 peças de figurino foram compostas com o que havia no acervo do teatro. A orquestra conta a história - Neiva também assina a concepção cênica de Don Pasquale, ópera cômica de Donizetti. O diretor musical é o maestro Flávio Florence, que rege a Orquestra Sinfônica de Santo André. A montagem tem o barítono Sandro Christopher (Don Pasquale), a soprano Claudia Riccitelli (Norina), o barítono Paulo Szot (Dr. Malatesta) e o tenor Eduardo Itaborahy (Ernesto). Para Florence, Don Pasquale mostra o grande orquestrador que foi Donizetti. "Todos os recitativos são acompanhados pela orquestra, de modo ousado e expressivo. A orquestra canta com os cantores, conta a história com eles. Ele abriu caminho para os poemas sinfônicos e as óperas veristas, em que a música segue os pensamentos dos cantores." Esse é o desafio da ópera: "Donizetti dá um tratamento muito sofisticado à orquestra e o difícil é soar da maneira como ele compôs, pois a orquestra não é um mero coadjuvante." Outra dificuldade está na parte dos cantores. "São apenas quatro solitas, que acabam tendo pouquíssimos momentos de folga e, portanto, a resistência vocal precisa ser muito grande." Don Pasquale. De G. Donizetti. No 32.º Festival de Inverno de Campos do Jordão. Sábado, às 21 h. R$ 20. Auditório Cláudio Santoro. Av. Dr. Arrobas Martins, 1.880, tel. (0--12) 262-6000 Força do Destino. De Verdi. Sábado, às 20h30; domingo, às 17 h; terça, quarta e sexta (27/7) e sábado, às 20h30. De R$ 5 a R$ 50. Teatro Municipal. tel. 222-8698. Até 28/7.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.