Ópera "Lucia" estréia no Municipal

Ausente dos palcos da cidade há mais de uma década, uma das mais importantes óperas do repertório anterior a Verdi está de volta a SP, nesta segunda, com a montagem dirigida pela argentina Marga Niec, da ópera Lucia di Lammermoor

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Por Agencia Estado
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Com ênfase na opressão que envolve as personagens do livro The Brides of Lammermoor, do inglês Walter Scott, estréia nesta segunda-feira no Teatro Municipal a montagem dirigida pela argentina Marga Niec da ópera Lucia di Lammermoor, mostrada pela primeira vez no ano passado, no Teatro Colon, em Buenos Aires. Adaptação do compositor Gaetano Donizzetti do livro de Scott, a ópera será intepretada por cantores expressivos da cena internacional, como a soprano June Anderson e o tenor Frank Lopardo. A regência está a cargo do maestro argentino Reinaldo Censabella (substituto de Isaac Karabtchevsky, que saiu da produção quando deixou o cargo de diretor artístico do Teatro Municipal), à frente da Orquestra Sinfônica Municipal. Para o maestro, a ópera ausente dos palcos da cidade há mais de uma década, considerada um dos expoentes do romantismo italiano, é uma das mais importantes do repertório anterior a Verdi. "É uma obra do fim do período do bel canto, em que a parte vocal é fundamental o que mostra um profundo conhecimento, por parte de Donizetti, do trabalho e da técnica do canto", afirma o maestro, que esteve no País há dois anos para reger uma montagem de Nabucco, no Teatro Municipal do Rio. Dessa forma, um dos principais cuidados da produção é com os cantores. "A ênfase é no equilíbrio vocal, portanto, temos ensaiado bastante ao piano: é necessário que o maestro entenda os cantores e que eles encontrem entre si uma harmonia." Talentos Censabella tem à sua disposição dois grandes nomes da cena erudita internacional: June Anderson, que tem recebido boas críticas por sua interpretação de Lucia, e o tenor norte-americano Frank Lopardo. Lopardo, que se apresenta pela primeira vez na América Latina, afirma que sua principal preocupação é cantar bem. "Edgardo não significa muito para mim em um primeiro momento, mas, à medida que canto e procuro seguir a partitura, vou encontrando a personagem. É algo que surge no momento, em cena" afirmou. Para Lopardo, um dos momentos mais críticos da ópera é a cena final, após a morte de Lucia. "Donizetti poderia ter terminado a ópera após a morte de Lucia, que é uma cena complicada e de impacto, mas escreveu outra cena difícil cenicamente e tecnicamente para o tenor, pois é preciso manter a tensão criada com a morte da personagem", explica. Já June Anderson, além da oportunidade de cantar a Ária da Loucura, "uma favorita de todas as sopranos", acredita que interpretar Lucia permite à cantora mostrar-se como atriz. "Esse é um papel que não me canso de fazer porque Lucia exige uma capacidade de interpretação muito grande." Além disso, June acha a ópera é extremamente atual, pois lida com problemas do coração. "Enquanto as pessoas continuarem a se apaixonar pelas pessoas erradas, o que vai acontecer sempre, Lucia será atual e vai provocar grande impacto no público."

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