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Ópera de Wagner estréia no Municipal de SP

Lohengrin, que tem muitos aspectos "italianos", foi a única de Wagner cantada por Caruso, Gigli ou o jovem Plácido Domingo

Por Agencia Estado
Atualização:

Lohengrin estréia nos palcos da cidade após uma ausência de quase uma década e de uma polêmica ameaça de greve dos integrantes da Sinfônica Municipal. Um pequeno atraso no pagamento dos salários foi a causa do problema às vésperas da estréia, nesta sexta, da ópera de Wagner. Lohengrin não está entre as obras da maturidade do compositor, mas tem todos os bons ingredientes de um bom Wagner. Um Wagner ainda bastante ligado, mesmo que de modo extremamente pessoal, à tradição italiana de se fazer ópera. "A ópera ainda tem muitos aspectos ´italianos´, não é coincidência que foi a única de Wagner cantada por Caruso, Gigli ou o jovem Plácido Domingo", lembra o maestro, que ressalta porém a importância da peça no contexto da produção wagneriana. Ah, faltou dizer que a ópera tem algumas das mais belas melodias escritas pelo compositor. O que, no caso de Wagner, não é pouca coisa. O diretor cênico Cléber Papa. O libreto foi escrito pelo próprio Wagner. Na primeira metade do século 10, perante o rei Henrique (o baixo Stephen Bronk), o cavaleiro misterioso Lohengrin (Leonid Zachozhaev, tenor) defende Elsa (Graciela de Gyldenfelt, soprano) da acusação feita pelo casal Telramund/Ortrud (Lício Bruno, baixo-barítono, e Leila Guimarães, soprano) de que a jovem matara o próprio irmão com o objetivo de tornar-se senhora de Brabante. A única condição imposta por ele, no momento da defesa, é que Elsa, agora sua futura noiva, jamais lhe pergunte sobre seu nome e origens. Mas Ortrud atiça em sua mente suspeitas sobre o noivo e, ao afirmar que ele esconde suas origens para, um dia, poder abandoná-la, sem ser encontrado, faz com que Elsa traia a promessa feita a Lohengrin e o confronte com perguntas sobre seu passado. "A concepção procurou privilegiar os aspectos fundamentais da obra wagneriana tais como a fé na justiça divina, o amor puro e verdadeiro representado por Lohengrin, a luta pelo poder, manifesto como expressão do mal em Ortrud e Telramund, e os conflitos típicos da natureza humana presentes em Elsa. Principalmente o processo patológico de inversão e falta de visão do bem ao esquecer a fé, o amor que possui, a bondade, preferindo insistir na dúvida e na angústia como um processo inconsciente de autodestruição", explica Papa. "Lohengrin é a última ópera que Wagner escreveu antes de embarcar no projeto do Anel", lembra o maestro. A tetralogia acabaria sendo, com seu monumental edifício de temas e relações, o símbolo do trabalho do compositor, da busca pela "obra de arte total", assim como peças como Tristão e Isolda colocariam um fim no romantismo musical, abrindo caminho para toda a revolução sonora do século 20. O maestro Ira Levin adianta que, em 2006, quer montar Parsifal; e, em 2008, Os Mestres Cantores de Nuremberg. Lohengrin - Teatro Municipal (1.464 lug.). Pça Ramos de Azevedo, s/n.º, Centro, tel: (11) 222-8698. Sexta, às 19h30; dom. (21 e 28) e 4.ª (24), 17h; 6.ª (26), às 19h30. R$ 30 a R$ 100.

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