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Olivia Newton-John fala sobre os shows que faz no Brasil

Cantora se apresenta no Rio, São Paulo e Curitiba

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Olivia Newton-John conversa pelo telefone com o repórter do Estado. É simpaticíssima. O assunto – sua próxima viagem ao Brasil, onde fará shows em março. As apresentações estão marcadas para dia 1.º, no Teatro Municipal do Rio, dia 3, em São Paulo, no Espaço das Américas, e dia 5, em Curitiba, no Teatro Guaíra. Mas, por mais agradável e divertida que seja a estrela de Grease, Nos Tempos da Brilhantina – sua cultuada parceria com John Travolta –, ao abordar sua carreira e até temas mais delicados, como o câncer de mama, há um problema na ligação. Aos 67 anos, Olivia parece estar falando de muito longe. De Marte? Ou de... Xanadu? Ela ri, gostosamente. E garante – Xanadu, tema do musical de Robert Greenwald, de 1980, é uma das atrações garantidas da turnê.

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O que o fã pode esperar de seu espetáculo?

Muita festa. Fiz uma turnê que culminou em Las Vegas, onde foi gravado um disco ao vivo. Summer Nights virou um disco duplo. É uma súmula de sucessos como I Honestly Love You, You’re The One That I Want, Physical, Xanadu e, a propósito, estou falando de Vegas. Tem até uma inédita, embora, a essa altura, eu já tenha cantado tanto que parece um de meus temas tradicionais, Grace & Gratitude.

Os críticos sempre disseram que você canta country, mas seu country é impregnado de pop, da mesma forma que seu pop vira country. Como você chegou a esse resultado?

Ah, mas não fui eu que inventei. Quando comecei, era muito jovem, só queria cantar. Formei minha primeira banda aos 14 anos, com três garotas minhas colegas (Sol Four). Logo em seguida, tive a chance de me apresentar no Go Show, que era muito popular na TV australiana, e encontrei Pat Carroll e John Farrar, que estavam casados. John foi meu guru daquela época e percebeu, antes de qualquer pessoa, incluindo eu mesma, o que deveria fazer e até onde poderia chegar.

A atriz Olivia Newton-John Foto: Alessandro Bianchi|Reuters

Houve um período ali nos anos 1970 em que sua carreira não ia bem nos EUA...

... Exatamente! Isso começou com If Not For You, composta por Bob Dylan, que foi meu primeiro hit internacional, mas não estourou na América. Essa fase durou dois anos, mas depois surgiu o Let Me Be There, que me valeu o Grammy de melhor cantora country (de 1973). Depois disso, as coisas aconteceram rapidamente até Grease (em 1978).

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No intervalo, você esteve no Eurovision com Long Live You, que, conta a lenda, você não gostava...

E não é lenda, eu realmente não gostava da música, mas ela integrou um disco que fiz só com as seis indicadas para o Eurovision, incluindo If You Love Me, Let Me Know, que deu título ao disco e fez muito sucesso. O disco tinha quatro estilos musicais, mas tudo meio trabalhado para o country, para manter a coerência com o trabalho que vinha desenvolvendo.

Fiz agora uma pesquisa na rede e não vou conseguir reproduzir a quantidade de prêmios que você já ganhou. Academy of Country Music Awards, American Music Awards, Grammys, Critics Awards. Quantas estantes você teve de construir em sua casa para abrigar tantos prêmios?

E outros que você não citou (risos) Não construí nenhuma, pois, para dizer a verdade, não guardo os prêmios. Estão distribuídos por casas de pessoas da família, instituições musicais, até no escritório de meu agente.

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Mas por que isso? Você não valoriza os prêmios? Tem gente que seria capaz de matar por algum deles...

Como artista, acho importante esse reconhecimento, e claro que gosto. Às vezes, quando você inicia alguma coisa nova, fica meio assustada e os prêmios ajudam a direcionar a adrenalina, mas confesso que me aquece muito mais o carinho do público. Você não acredita como o público foi caloroso em Vegas, quando fizemos o Summer Nights. As pessoas chegavam em caravanas e depois iam para o backstage, esperando a saída. E, quando eu cantava a música delas – todo fã tem a sua –, dava para sentir a emoção transbordando na plateia.

A propósito disso, o show tem um roteiro rígido ou você pode mudar segundo os pedidos do público?

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Ah, não. Se fosse um recital, uma coisa bem pequena, talvez desse, mas é show, é grande, tem luz, tem figurino orquestra. Mas vou lhe dizer uma coisa: posso arriscar que as pessoas vão gostar. E eu gosto de cantar. Não quero ser piegas, mas, quando canto You Are The One That I Want (do filme ‘Grease’), não é uma coisa mecânica. Ainda sinto a emoção de 40 anos atrás, e a passo. Cantar é uma coisa maravilhosa, um dom. A voz é uma ferramenta e como tal, além do prazer, é também uma responsabilidade do artista. Não gostaria de decepcionar nenhum fã.

Justamente, Grease. Como você disse, o filme de Randal Kleiser está completando quase 40 anos. Você estava no auge, (John) Travolta virou astro. Tell me more, tell me more...

Éramos jovens e, na época, após a Guerra do Vietnã e o escândalo de Watergate, havia, na América, um movimento meio nostálgico de retorno aos (anos) 1950 e 60. O filme capta muito bem o espírito do período e tem aquela trilha fantástica, que foi composta especialmente para ele. Tem a coreografia... Mas eu acho que o que realmente cativou o público é que John (Travolta) e eu tínhamos uma química na tela. A gente nem percebia isso, e eu acho que foi uma coisa muito do Randal (diretor). Só sei que já comemoramos 25 anos de Grease, 30 anos, em 2018, serão 40 anos e acho que as pessoas ainda estarão cantando You Are the One That I Want, Hopelessly Devoted to You e Grease, que formataram o imaginário de toda uma geração.

Aproveitando o que você fala de Grease, gostaria de saber o que acha dessa nova leva de musicais de Hollywood? Desde Chicago, os musicais que chegam ao cinema chancelados pela Broadway – Nove, Caminhos da Floresta. Você acha válido?

Claro, mas é que eu amo musicais. E eles são feitos com tanta perfeição. Em Grease, tínhamos de ensaiar as coreografias e depois repeti-las, filmando pedacinho a pedacinho. Ainda era inexperiente e me perguntava se ia dar certo. A mágica era essa – dava certo! E foi um privilégio que os produtores tenham transformado Sandy (a personagem) numa australiana na América. Isso facilitou meu sotaque, pois embora nascida na Inglaterra, fui muito jovem para a Austrália. Sempre houve essa tradição de buscar sucessos da Broadway e vertê-los para o cinema. Grandes filmes, que fazem parte da história. Mas eu ainda espero ser surpreendida por material original, como as canções de Grease.

Não quero ser invasivo, mas você teve um problema sério, câncer de mama. Imagino que uma experiência dessas, a perspectiva da morte, tudo isso muda uma pessoa. Estou dizendo alguma bobagem?

Quando fui diagnosticada com o câncer de mama, sofri um baque muito grande. Tinha medo de morrer, mas tive apoio da família, das pessoas queridas. Ninguém enfrenta uma jornada dessas sem apoio nem muito amor. Você precisa ter pelo que lutar. Terminei produzindo um álbum marcado pela experiência, o Gaia. Tive uma irmã que também teve câncer no cérebro e ela não conseguiu. Por meio dela, revivi muita coisa que sofri, as dolorosas sessões de quimio. Hoje em dia, dou palestras, milito em favor de pesquisas. Acima de tudo, minha mensagem é que as mulheres se previnam. Não deixem de fazer seus exames para a detecção do câncer de mama.OLIVIA NEWTON-JOHN  Espaço das Américas. Rua Tagipuru, 795, Barra Funda. Tel. 3864-5566. Dia 3/3, às 22h. R$ 90/R$ 600. Olivia Newton-John - Physical

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