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Obra de Chopin volta às boas lojas

Composta por interpretações de músicos de primeira grandeza, a caixa com doze CDs mostra que o grande mestre polonês continua soando inovador

Por Agencia Estado
Atualização:

Lançada originalmente em 1999, volta a estar disponível em certas lojas de discos o lindo álbum de 12 CDs intitulado Chopin Complete Edition, da etiqueta Deutsche Grammophon. Essa coleção nos coloca em contato com um Chopin por inteiro e para sempre fascinante. Nascido na Polônia em 1810, de pai francês e de mãe polaca, Frédéric Chopin foi, como tantos outros gênios, um menino-prodígio. Além da música, saía-se bem no desenho e na lituratura. Só teve um professor de piano e, aos 7 anos, escreveu a sua primeira Polonaise. Aos 9 anos, apresentou-se em público pela primeira vez e, dez anos depois, conquistava o público vienense com o seu pianismo originalíssimo. Achando acanhado o meio musical de Varsóvia, Chopin excursionou por cidades alemãs e austríacas antes de se fixar, definitivamente, em Paris. Estreou com enorme sucesso na capital francesa, em 1832, só saindo dali para rápidas turnês. Uma curiosidade: durante a vida inteira, o compositor apareceu em apenas cerca de 30 concertos públicos. Dava preferência às apresentações em salões aristocráticos, de atmosfera mais intimista e propícia à sua arte. As aulas bem caras que dava, os convites para apresentações diante de platéias seletas e a publicação simultânea de suas obras em Paris, Londres e na Alemanha permitiram que Chopin levasse a vida requintada da qual gostava tanto. Depois de várias paixões que deram em nada, ligou-se à libertária escritora George Sand, em tumultuada e duradoura relação. Morreu de tuberculose, em Paris, no dia 17 de outubro de 1849. Tinha apenas 39 anos de idade. Na juventude, a fim de conquistar o grande público, Chopin escreveu dois Concertos, uma Fantasia sobre Temas Poloneses, Variações sobre um Tema de Mozart e o Rondó à la Krakowiak, tudo para piano com acompanhamento de orquestra. Depois, à exceção de algumas poucas obras de câmara e canções, escreveu exclusivamente para piano solo. Em sua obra pianística se destacam, todas obras-primas indiscutíveis, 51 Mazurcas, 14 Polonaises, 26 Prelúdios, 27 Estudos, 19 Valsas, 4 Baladas, 4 Scherzos, 4 Impromptus, 3 Sonatas, 4 Rondós e 4 séries de Variações, além de muitas peças isoladas como a Fantasia-Impromptu, a Berceuse e a Barcarolle. Praticamente tudo isso está na coleção do selo Deutsche Grammophon (R$ 600), defendido por artistas de primeira grandeza, como Maurizio Pollini, Krystian Zimerman, Daniel Barinboim, Martha Argerich e Anatol Ugorski, dentre outros. E, assim, pode-se apreciar a arte singular desse Chopin que continua soando inovador ainda hoje. Isso porque ele foi o responsável pela criação de um novo tipo de melodia - longa, assimétrica e pouco previsível em sua liberdade -, que conferiu à sua música um lirismo inteiramente inédito. Depois, porque ele explorou com felicidade a harmonia tradicional, ampliando-a grandemente com a concepção de novos agregados harmônicos até então desconhecidos. E, enfim, porque foi capaz de engendrar um novo tipo de polifonia, rarefeita e feita de materiais heterogêneos. Além disso, ao salientar que o ritmo deveria ser invariável, a fim de sustentar melodias fluidas, maleáveis e em requintado descompasso com o pulsar básico, ele propôs uma nova maneira de engendrar o discurso musical, relativizando a quadratura do compasso. Assim, viva Chopin!

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