‘O streaming é, na verdade, a salvação’, diz diretor geral do Spotify

Empresário Gustavo Diament afirma que os serviços têm potencial de crescimento exponencial

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Por Guilherme Sobota
Atualização:

Oriundo da área de marketing de grandes empresas de tecnologia, o empresário Gustavo Diament, de 44 anos, é hoje o encarregado mais ou menos informal, na América Latina, de salvar a indústria da música à frente do principal serviço de streaming do mundo.

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Diament recebeu o Estado na sede do Spotify, em São Paulo.

Diretor geral do Spotify na América Latina, Gustavo Diament - Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO Foto: Diretor geral do Spotify na América Latina, Gustavo Diament - Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO

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Existe uma pressão dos artistas para que a remuneração dos serviços digitais seja mais justa. O streaming parece um vilão em alguns casos.

O serviço é, na verdade, a salvação. O vilão é a pirataria. Não é que estava tudo bem em 1999, o Spotify começou e a indústria da música derreteu. O Napster chegou. Nós chegamos oito, nove anos depois. A indústria da música gravada faturou no ano passado, no mundo, um pouquinho menos do que US$ 15 bilhões. A antiga empresa que eu trabalhava faturava isso no Brasil. A pergunta é: estamos tentando defender o que, quando a indústria do vídeo fatura US$ 1 trilhão? Algo está muito errado. O Spotify paga mais do que todas as outras alternativas, mais do que o YouTube (que tem mais usuários do que todos os outros serviços de streaming do mundo juntos). A gente não conhece os detalhes de contratos com gravadoras e distribuidoras. Como líderes da categoria, estamos tentando fazer que isso seja o mais transparente possível para os artistas…

Como, por exemplo?

É um trabalho de esclarecimento, educação, fazer com que fique claro de um lado que não é o que nos pertence.

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E sobre a pressão da indústria em relação ao modelo de acesso grátis ao Spotify?

Entre pirataria e Spotify, várias iniciativas de streaming não deram certo, e por vários motivos. Ou elas eram totalmente grátis, e tinham escala, mas remuneravam muito pouco – não havia sentido para a indústria. Ou elas eram pagas – e você não convencia quem estava na pirataria a aderir. O Spotify botou as duas coisas juntas, e acho que a indústria não estava pronta para esse modelo “freemium”. Nós geramos US$ 3 bi em royalties e numa curva exponencial de crescimento. Desses três, demoraram cinco anos para pagar o primeiro. Onze meses para o segundo. Seis meses para o terceiro. A idade média do usuário é 27 anos, que cresceu sem pagar por música. É um dinheiro novo. A média de gasto é US$ 120 por ano, o dobro do gasto do usuário com download. Até o gigante do download já entendeu isso, e lançou um serviço para concorrer com a gente. É um endosso que esse é o modelo. A gente quer resolver o problema da indústria.

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