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O samba assim de Marcelo D2

Marcelo D2 volta a investigar o samba e criar um som híbrido com o rap no novo CD Meu Samba É assim

Por Agencia Estado
Atualização:

E a procura pela batida perfeita continua. Com uma vivência cada vez maior dentro do universo do samba, Marcelo D2 volta a investigar o gênero e criar um som híbrido com rap no novo CD Meu Samba É assim (gravadora Sony-BMG). É a reafirmação de Marcelo dentro de uma experiência iniciada já em seu primeiro disco-solo, Eu Tiro É Onda, e continuada, com grande êxito, em À Procura da Batida Perfeita. "Aprendi pra caramba ouvindo os outros dois e fui neles buscar este novo trabalho", explica ele. Meu Samba É assim tem todo jeito de que veio para fechar uma trilogia. O próprio rapper não descarta a possibilidade. "Não foi nada planejado, mas parece que foi uma trilogia mesmo. Pensei nisso na época do "À Procura": ?Ah, vou lançar o À Procura 2 e 3?. Mas percebi que esse era um outro disco." E se imaginavam que Marcelo já tinha extraído o máximo que o samba e o rap poderiam render juntos, nesta nova empreitada ele foi além. Reforçou ainda mais a mão no samba - influência esperada de sua aproximação com o povo do samba, como Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz, que se tornaram seus amigos e, claro, companheiros de boteco. Alcione é a nova aquisição Alcione é a nova aquisição nesse rol de amizades. O que não quer dizer que ela já não fizesse parte de sua vida antes, nos discos da cantora que sua mãe sempre colocava para tocar. Durante o processo do novo CD, o músico conta que um amigo lhe enviou uma música, com a Marrom a plenos pulmões cantando o refrão "Pra que amor...". Ele adorou aquilo. Com ajuda de Pagodinho, marcou almoço na casa de Alcione. Daquela data em diante, estão mais chegados: ele já participou de shows dela e ela, no CD dele. Por causa desse livre trânsito no meio dos bambambãs, Marcelo geralmente é apontado por fazer a ponte entre a nova e a velha geração da música. Ele concorda. "Minha parada com o Planet Hemp e minha veia rock chamou a garotada para ouvir essa galera: João Nogueira, João Donato, Bezerra da Silva. O que mais me orgulha foi um moleque de 8 anos ter chegado a mim e falado que adorava João Nogueira também. O pai disse que eles nunca tinham ouvido o Nogueira, mas de tanto eu falar, tinha comprado o disco pra ele." Em Meu Samba É assim, conta que teve mais tempo de se dedicar a cada faixa com igual atenção. O que resultou em samples mais bem bolados (o sample de Cidade Vazia, na interpretação de Elizeth Cardoso, usado na canção É Preciso Lutar, não poderia soar melhor), em participações especiais mais bem pensadas, bem como em outros detalhes sonoros. Lapa, uma homenagem ao Rio Nas letras, volta a expor sua relação com a música e com o samba. Fala um pouco de amor e muito sobre sua cidade, o Rio, de onde ficou muito tempo afastado. Por conta da divulgação de À Procura da Batida Perfeita, ele morou durante um ano em São Paulo e fez temporada de shows fora do Brasil. "Me apaixonei de novo pelo Rio." Em composições como Lapa, ele se atém à relação mais afetiva com a cidade. Diz que cansou de bater na tecla dos problemas que ela tem. "Vou falar do quê? Da violência do tráfico. Já tentei falar de legalização e me botaram na cadeira. Ninguém nunca pensa nessa possibilidade. Por quê? Será que vai morrer muito mais gente usando droga do que na guerra do tráfico? Acho impossível. No bar, se pode vender cerveja, por que não pode ser vendido um baseado ali? Já falei disso pra caramba. Entrega na mão de Deus, porque o povo que vota no Garotinho quer mais é se ferrar." Para quem acompanha sua carreira, sabe que ele sempre tratou abertamente sobre drogas. O mesmo ocorre dentro de sua casa, com seus filhos. "Bebo cerveja na frente do meu filho, fumo na frente do meu filho. Não tem tabu nenhum. Em vez de falar, é ter atitude. Eles vêem que sou um cara trabalhador, que saio todo dia para trabalhar", diz. "Se experimentarem, vou falar: cuidado, não vai ficar subindo o morro, principalmente por causa da polícia, pra ela pegar, matar e depois falar que é traficante." Marcelo D2 inicia nova turnê internacional, começando pelo Rock in Rio - Lisboa e Alemanha. Em setembro, fará shows no Brasil. OBS.: A repórter viajou a convite da gravadora

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