O príncipe Lee quer salvar o rock

Herdeiro da rainha Rita, Beto quer fazer justiça com a própria guitarra e um disco que levará seu nome, no qual promete resgatar o gênero

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Por Agencia Estado
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"Quero salvar o rock-and-roll no Brasil. E acho que vou fazer isso." Proferida por um músico qualquer, a frase soaria, no mínimo, pretensiosa. Aqui, no entanto, não é o caso de desmerecer seu autor. Quem anuncia que vai socorrer o gênero é o guitarrista, e "príncipe", Beto Lee. O posto de nobreza vem de família. O pai, Roberto de Carvalho, é um ótimo compositor e guitarrista, embora nunca tenha chegado a rei. Já a mãe, Rita Lee, recebeu a coroa dos cabeludos nacionais ainda nos anos 70, quando tocava nas bandas ícpones Mutantes e Tutti Frutti. Beto Lee, aos 24 anos, vive com a produtora musical e publicitária Júlia Petit, de 29 anos. Juntos desde 1998, moram em um apartamento no bairro do Morumbi com a filhinha de Júlia, Nina, de 6 anos. "Ela me adotou como pai. Sou apaixonado pelas duas", diz. Quando fala em "salvar o rock", por mais que tenha herdado o humor bem-sacado da mãe Rita, Beto Lee não está de piadas. Depois de tocar sete anos com o grupo Larica, decidiu desbravar uma carreira-solo. No momento, prepara material para fazer um disco que terá seu nome. Enquanto isso, suas aparições começam a ficar freqüentes. O roqueiro Frejat, líder do Barão Vermelho, prepara um álbum que deverá ser lançado em agosto. Lee estará em uma das faixas. Otto também requisitou seus serviços para o novo disco que está finalizando. Zélia Duncan foi outra a tê-lo em estúdio durante as gravações de seu recém-lançado Sortimento. E há ainda os shows da mãe, nos quais Lee diz sofrer "orgasmos múltiplos" enquanto toca. Nada de rock - "Cara, me sinto um peixe fora d´água fazendo rock-and-roll por aqui. As pessoas dizem que não é um gênero brasileiro. Mas dane-se, futebol também não é um esporte brasileiro", compara. O desejo de fazer justiça com a própria guitarra foi despertado há pouco tempo. Lee está um tanto indignado com o que ouve nas rádios. "Ninguém toca rock. Não vejo mais nada de rock. Talvez aconteça alguma coisa quando o Supla lançar seu novo disco. O cara é roqueiro pra caramba." Então, o repórter cita dois nomes tidos como representantes da nova geração do rock nacional para saber o que pensa o entrevistado. Charlie Brown Jr: "É música para skatistas, mas não é rock-and-roll". Pato Fu: "Um som bem feito, mas não é rock-and-roll". A grande confusão que se faz, na opinião de Lee, é entre rock e pop. Muito do que é catalogado como um, na verdade, é outro. "Rock é AC/DC, Rolling Stones, Iggy Pop. O gênero tem uma fórmula invencível que deixou de ser usada no Brasil." O som que virá em seu disco, para "quebrar o gelo", não terá frescuras. "Não tenho nada contra a música eletrônica. Mas, de repente, todo mundo passou a colocar DJs, scratches, loops em tudo. Cara, não sei fazer rap e não preciso disso em meu disco", afirma Beto Lee. Espaços na noite de São Paulo para plugar guitarras é outra reivindicação do filho da rainha. Osmose - "Não há mais bares para roqueiros. Só peço uma casa onde se possa fazer isso. Ou você toca no DirecTV, ou não toca. É uma vergonha." Beto Lee não poderia mesmo dar em outra coisa. Cresceu em casa de pais roqueiros cheia de amigos roqueiros. Ia a shows com 4 anos de idade e aprendeu a tocar guitarra quase que por osmose, de tanto ver Roberto treinar escalas. Depois de tirar o riff de abetura da série Armação Ilimitada, não largou mais o instrumento. "E, sobre sua mãe? Mutantes ou Tutti Frutti?". Cauteloso, responde: "Respeito muito os Mutantes, até a época em que minha mãe cantava. Mas tenho uma paixão pelo Tutti Frutti. Esta foi a banda."

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