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O lado autoral de Verônica Ferriani

A cantora, que integrou projeto de Chico Saraiva e Toquinho, lança seu segundo disco, só com músicas próprias

Por Marina Vaz
Atualização:

“O amor morre, a arte não.” A frase, que está no último verso da última canção do novo CD de Verônica Ferriani, dá uma ideia do clima que percorre o álbum Porque a Boca Fala Aquilo do que o Coração Tá Cheio, que a cantora apresenta em show neste sábado, 16, às 21 horas, no Auditório Ibirapuera. Nas canções, os conflitos e as interrupções de diversos tipos de amor não geram nem melancolia nem tristeza passiva. É um disco sobre o amor, sem dúvida – mas não necessariamente romântico.

“Essas músicas são quase como se fossem crônicas, com várias formas de o tema amor aparecer – incluindo a questão do amor próprio, a relação com a vida, e, nesse caso, o amor passando só na tangente de tudo isso”, observa Verônica.

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Lançado no fim de outubro (e disponível para download grátis pelo site www.veronicaferriani.com), o álbum marca um novo momento de sua carreira – iniciada em 2004, com apresentações ao lado do compositor e violonista Chico Saraiva, e que inclui uma turnê de shows em estilo voz e violão ao lado de Toquinho em 2011.

Há dois anos, porém, Verônica, que até então era essencialmente uma intérprete, voltou a dar mais atenção ao violão (instrumento que toca desde os 8 anos) e passou a escrever letras.

A vontade de compor suas próprias músicas veio há dois anos, quando ela já selecionava criações de compositores de sua geração para o repertório do disco. “Foi uma demanda interna. Eu tinha uma intuição, uma impressão de que ninguém iria escrever exatamente aquilo que eu queria cantar. Aí comecei a entender a magia que é poder dizer as coisas ‘de boca cheia’, que é até o nome de uma música”, diz Verônica.

Desse período criativo recente é que saíram as 11 faixas do disco, produzido por Marcelo Cabral e Gustavo Ruiz (que atuaram nos discos mais recentes de Criolo e Tulipa Ruiz, respectivamente). Tendo como base guitarras, baixo e bateria, os arranjos reforçam a potência das letras e contrastam com a voz delicada de Verônica.

Os músicos que participam do disco também opinaram nos arranjos. “Todos os músicos têm uma personalidade, e eu achava importante trazer isso para o disco, que cada um deles chegasse ali contando o que sentia sobre cada música.” Entre os participantes, estão Guilherme Held (guitarra), Sergio Machado (bateria), Regis Damasceno (violão), Alexandre Ribeiro (clarone), Pepe Cisneros (piano Suette) e Thiago França (sax).

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O resultado é uma sonoridade bem diferente de seu disco de estreia, de 2009, mais voltado ao samba e composto por interpretações de canções menos conhecidas de nomes como Assis Valente, Gonzaguinha e Paulinho da Viola. “Tenho um lado mais passional, mais forte, que queria muito que viesse à tona no palco. Queria que esse novo disco tivesse uma coisa mais rasgada. E aí é que vieram as guitarras; elas entraram porque fazia sentido, porque as músicas pediam”, diz.

O show no Auditório Ibirapuera conta ainda com a participação de Rodrigo Campos, que não tocou no disco, mas que acompanhou o processo criativo de Verônica antes mesmo da entrada no estúdio. “Ele foi a primeira pessoa a ouvir minhas músicas e a perceber que havia um caminho ali, que as canções representavam um conjunto”, lembra a artista. Campos já está familiarizado com o repertório – ele acompanhou Verônica em uma série de seis shows que ela fez no Japão, no início de novembro, já com esse repertório novo.

Além das 11 canções que compõem o álbum, Verônica vai interpretar, neste show, obras de contemporâneos, como Rômulo Fróes (Varre e Sai) e o próprio Campos (Ribeirão). Também vai abrir espaço para algumas composições próprias que ficaram de fora do novo CD. Mais uma prova de que, para ela, a arte não morre mesmo.

VERÔNICA FERRIANIAuditório Ibirapuera. Parque do Ibirapuera. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 3, 3629-1075. Sábado, 21h. R$ 20.

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