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O elogio da fossa, no embalo do Coldplay

Banda inglesa liderada por Chris Martin repassa seus hits melancólicos hoje no palco do Via Funchal, em SP, e amanhã no ATL Hall, no Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

Hoje, o Via Funchal vai fazer a festa dos que adoram um pouco de tristeza, tédio inexplicável, chateação. É a única apresentação em São Paulo da banda inglesa Coldplay, que vem acumulando sucessos seguindo uma fórmula antiga, mas eficiente: a de que músicas tristes deixam muita gente feliz. E tome melancolia, em doses bem pra lá de homeopáticas. Nos dois discos que lançou até hoje, Parachutes (2000) e A Rush of Blood to the Head (2002), a banda liderada por Chris Martin quase nunca fugiu de lamentos por amores perdidos, não conquistados, separações, arrependimentos, erros. Exemplos? Que tal o "Então você sabe o quanto eu preciso de você/ Mas você nem sequer me vê, não é?", de Shiver, do primeiro CD. Ou outro hit da banda, Trouble, em que Chris chora os arrependimentos de um amor perdido, pede desculpas pelas coisas estúpidas que fez, pelas bobagens que falou e jura que nunca, nunca teve a intenção de ferir sua amada. Dá até dó do menino. Aparentemente não era para ser assim. O Coldplay já vendeu 12,5 milhões de cópias de seus dois discos, ganhou três Grammys, um deles, o de melhor canção de 2003, com In My Place e acaba de levar três prêmios no VMA, o Oscar da MTV, pelo clipe de The Scientist. Chris Martin tem uma namorada bem legal, bonitinha e que até já ganhou Oscar, a atriz Gwyneth Paltrow, e jornais ingleses vivem dizendo que eles devem se casar ainda este ano. Tudo perfeito para ele ser feliz para sempre. Na verdade, só quem tem algum motivo para ficar triste nessa história toda, são os fãs, que tiveram de pagar um mínimo de R$ 100 pelos ingressos - que se esgotaram na segunda-feira. Mas Chris Martin diz que já sofreu muito, o que pode explicar as letras e melodias. Em uma entrevista à Virgin Radio, de Londres, há três semanas, o vocalista disse que era o alvo de gozações da turma na escola. "Meus apelidos geralmente questionavam minha sexualidade e eu tinha problemas com isso. Mas quando percebi que não deveria me importar com isso, as gozações pararam", disse. "Muitas músicas felizes são bobas e não soam sinceras. É muito mais fácil escrever uma boa canção triste", já disse o baterista da banda, Will Champion. Fácil ou não, eles sabem fazer as tais canções tristes com extrema competência. Só não vá exagerar e levar um lenço. Pode acabar rendendo um apelido não desejado. Coldplay. Via Funchal. Rua Funchal, 65, na Vila Olímpia, às 22h. Os ingressos já estão esgotados.

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