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O Brasil na rota de mais uma sucessora de Madonna

A gravadora EMI promete uma guerra mercadológica para fazer da cantora Kylie Minogue a nova rainha do pop. Principalmente no Brasil, país que ela visita no início do segundo semestre

Por Agencia Estado
Atualização:

Nova operação de guerra foi deflagrada na pop music. A cantora Kylie Minogue, que os australianos e ingleses não se intimidam em anunciar como a Madonna dos novos tempos, está de mala, disco e discurso prontos para aportar no Brasil. Se depender de investimentos, a aposta está ganha. A EMI, gravadora que distribui seu recente Fever por aqui, tem Kylie como prioridade mundial. Uma artilharia pesada de divulgação quer fazer sua voz estar em todos os lugares em dois meses. A primeira vinda ao País está sendo acertada para o início do segundo semestre, informa a assessoria de imprensa da EMI. O terreno, até lá, será preparado com marteladas incansáveis do vitorioso hit Can´t Get You Out Of My Head nas emissoras. Logo depois vêm Fragile, More More More, In You Eyes e tudo mais o que render o festeiro Fever, 11.º de carreira, mas primeiro a chegar à América Latina. Um sex appeal de deixar encabuladas modelos que posam para calendários de borracharia faz parte do negócio. Só na cabeça de Kylie seu sucesso é exclusivamente fruto de esforço artístico. "Fui muito moldada no início e tive de romper com isso para dar certo", declarou em entrevista à revista inglesa Time Out, em outubro de 2001. Não é o que seus parece pensar seus produtores. Os jornais brasileiros receberam um material de divulgação da moça que, além do CD e do release, incluía um calendário com fotos mais que sensuais para cada mês do ano. Princesa impossível - Ainda que ressoe com certa estranheza por aqui, o nome de Kylie Minogue é tão familiar para os australianos quanto o de Luciano Pavarotti para os italianos. Ela estreou aos 11 anos em uma das mais famosas séries de tevê na Austrália, Skyways. A profissão de atriz "consolidou-se" seis anos depois, quando virou Charlene, personagem de uma novela da Oceania chamada Neighbours. Em uma mesma noite, chegou a ganhar quatro Logies, um prêmio que os australianos inventaram para a tevê. Kylie virou majestade no final dos anos 80. Eleita a "atriz mais popular da Austrália" e "a mais importante personalidade da tevê autraliana", encheu-se de confiança e migrou para o cinema. Seu primeiro filme, The Delinquents, foi bem na Inglaterra e despertou curiosidade até nos castelos daquele país, que a convocaram para apresentar-se à família real. Sua participação em Streetfighter, ao lado de Jean-Claude Van Damme, não rendeu a mesma popularidade. De volta à música, Kylie andou com pernas trêmulas quando lançou um disco em 1998, intitulado Impossible Princess. O nome chegou a ser mudado para Kylie Minogue porque pensaram que o mal desempenho nas lojas tinha a ver com o fato de as pessoas criarem resistência ao trabalho, associando seu título à tragédia ocorrida com a princesa Diana. Não teve jeito. Sua carreira sofria de outro mal. Impossible Princess foi considerado o trabalho mais "profundo" da artista. Teve todas as letras compostas por ela e contou com as participações de Manic Street Preachers, Brothers in Rhythm e Dave Ball, ex-Soft Cell. Pela primeira vez as angústias de sua alma eram expostas em música. Versos como "a dor é nos meus ossos, é difícil estar sozinha" permearam o disco. Madonna e Posh Spice - O resultado foi devastador para sua intenção de intelectualizar uma vida artística até então aprisionada à superficialidade das celebridades pop. Não adiantou nem falar que seu livro de cabeceira era Imortality, de Milan Kundera, ou que seu filme predileto era Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore. "Fiquei desapontada com o resultado mas feliz porque, pelo menos, tentei. Mostrei que sou capaz de passar por cima disso", falou na entrevista à Time Out. Vendo o esforço de se tornar a revelação "cabeça" do pop escorrendo pelo ralo, Kylie, aos 33 anos, voltou a fazer o que sempre fez: música movida à produção visual para consumo de massa, rápido e com prazo de validade. Só os poucos devem se lembrar que ela soou nas paradas brasileiras em outros carnavais. Em 1987, I Should Be So Lucky embalou bailinhos. Em 89 veio Hand on Your Heart e, em 90, chegou Better The Devil You Known. Tudo chegou com a mesma rapidez com que foi esquecido. As brigas da australiana nunca foram com Madonna, como cansaram de sugerir tablóides e revistas ingleses. Madonna, aliás, saiu foi em campanha pela amiga usando uma t-shirt com o nome de Kylie estampado. Se há uma rival que a persegue pelos hit parades do Reino Unido, esta é Victoria Beckham, a Posh do finado Spice Girls. No quesito vendas em loja, não teve para ninguém. De cada disco da Spice que era vendido, outros seis de Kylie saía das lojas. Ao ser lançado na Europa, no ano passado, Fever passou por cima de tudo o que viu pela frente nas listas das mais tocadas. E isso, na Inglaterra, tem peso de ouro. Can´t Get You Out of my Head deu a impressão de que não sairia mais do topo. Deixou comendo poeira não só a rival Posh como até Michael Jackson, que acabara de chegar com CD novo, Invincible, depois de seis anos fora dos estúdios. Se fará o mesmo no Brasil? As apostas estão abertas.

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