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O 'ato final' de MJ seria grandioso

Com todos os exageros de um megashow, despedida do 'rei do Pop' seria espetacular

Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

 

SÃO PAULO - Um megastar do porte de Michael Jackson (1958-2009) não faria por menos. "Queremos impressionar o público como nunca e fazer um show como jamais se viu antes", diz o cantor, em cena que aparece no trailer do documentário This Is it, dirigido por Kenny Ortega. Mesmo sem a iluminação, as coreografias e os figurinos definitivos, sem os cenários e efeitos espetaculares completamente ajustados, os registros dos ensaios do que seria seu show de despedida dão indícios de que o autodenominado "Rei do Pop" e toda sua fiel trupe cumpririam a promessa. Com todos os exageros de um megashow, seria espetacular.

 

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Se Michael não tivesse morrido, provavelmente esse documentário - que teve estreia mundial ontem, com retumbante investimento promocional - não existiria dessa forma. Parte das filmagens seriam usadas no próprio show - que seria seu "ato final", como disse em brevíssima aparição pública -, como os novos e sensacionais segmentos filmados em 3D para Thriller e a multiplicação dos bailarinos por meio de computação gráfica para They Don’t Care About Us.

 

Outra boa ideia, já usada em filmes como Cliente Morto não Paga, é a montagem de trechos de filmes como Gilda, com Rita Hayworth cantando Put the Blame on Mame, e outro com Humphrey Bogart, com imagens de Michael em preto-e-branco, "contracenando" com eles.

 

This Is it é, obviamente, um lançamento oportunista e caça-níqueis, bem como a respectiva trilha sonora lançada em CD duplo, mas muito bem feito. Nem precisava dizer, como aparece na abertura do filme, que é uma obra dedicada aos fãs. Afinal, o propósito do show também era esse, reunindo algumas das melhores canções da fase áurea de MJ - Thriller, Beat it, Billie Jean, Wanna Be Startin’ Something, They Don’t Care About Us, Human Nature, entre outras - e um clássico do Jackson Five, I Want You Back. Perdida a performance ao vivo, em contrapartida há momentos de sutileza musical, que certamente se perderiam em meio à histeria dos fãs, captados plenamente no filme em ambiente de silêncio respeitoso.

 

 

 

 

A figura que o filme expõe tem aquele tanto de fragilidade que o mundo habituou a associar ao ídolo. Porém, vigoroso em algumas interpretações (em outras, como ele próprio justificou, não cantava "pra valer", para poupar a voz) e nos passos de dança, nem de longe parece que o cantor estaria mal, como se noticiou por ocasião de sua estranha morte.

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Meticuloso, MJ chega a implicar com o tecladista por causa de uma única nota no arranjo de uma canção. Ele queria que as músicas fossem todas tocadas exatamente como nas gravações dos discos. O cantor é retatado como um ser angelical, demostra o tempo todo ser afável e flexível com os colegas de trabalho e afirma que o motor de tudo é algo que ele chama de amor. Ao mesmo tempo que diz querer satisfazer o público que vai atrás de escapismo, também faz discurso ecológico, demonstrando preocupação com a destruição da Amazônia e alertando para que a humanidade tome consciência a tempo de salvar o planeta (é para isso que ele diz compor temas como Earth Song).

 

O diretor Kenny Ortega, que é também coreográfo, tem larga experiência com filmes musicais que envolvem dança. Além de ter dirigido vários episódios das séries televisivas High School Musical e Gilmore Girls, assinou a coreografia de filmes como Dirty Dancing, Curtindo a Vida Adoidado, Do Fundo do Coração e Xanadu, todos dos anos 1980. Para MJ tinha feito o design de palco de Dangerous - The Short Films e a trilha sonora do cerimonial fúnebre. Não por acaso, as coreografias são muito bem filmadas e os bailarinos são de matar Madonna de inveja.

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