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Novo álbum dos Paralamas chega na sexta

Em Longo Caminho, banda mostra senso perfeito de pop rock, mas o timing ainda não está em dia. Herbert está cantando melhor e há grandes achados no disco. No entanto, as canções saíram arrastadas e excessivamente dramáticas

Por Agencia Estado
Atualização:

Há uma cover de Paul Weller, líder do mítico grupo The Jam, a canção Runnin on the Spot, esmerilhada com a estranheza de um grupo de punk rock galês. Há um velho cúmplice internacional tocando mellotron na faixa Flores e Espinhos, o argentino Fito Paez. Há a permanência do senso perfeito do pop rock, nos versos e nos riffs de guitarra e bateria. Todos os elementos estão ali, mas os Paralamas não estão ainda com o velho timing em dia, é o que denuncia o novo disco Longo Caminho (EMI, nas lojas a partir de sexta-feira). Falta só equilibrar a mistura. À exceção de O Calibre, que tem uma guitarrinha zeppeliniana e uma pegada mais roqueira, as novas canções são arrastadas e excessivamente dramáticas, tornando o disco um pouco triste e lamentoso. É o caso da faixa-título, Longo Caminho. Claro, ninguém esperava uma sinfonia carnavalesca, mas os Paralamas cultivaram uma tradição de música para animar bailes que não compareceu aqui. Tirando essa ponderação, há grandes achados. Herbert compôs uma baladinha em inglês, Hinchley Pond. Ele canta também em espanhol (La Estación) e demonstra - para mais um pouquinho da nossa estupefação - que não esqueceu nenhuma das duas línguas que domina. Há uma sucessão de frases que parecem proféticas, se considerarmos que o cantor as escreveu antes do trágico acidente. "Há dias de prazer e dias ruins/ Já não sou mais quem era antes/ Há algo de você ainda em mim/ Como uma música distante" (Longo Caminho). Ou: "O impossível é meu mais antigo vício/ Ou então, um delírio do meu coração" (Flores no Deserto). Ou ainda: "Palavras duras em voz de veludo/ E tudo muda/ Adeus, velho mundo/ Há um segundo tudo estava em paz" (Cuide bem do Seu Amor). Mas isso é mero exercício de gente impressionada. Gravado de um só folêgo no Estúdio AR, no Rio, um ano após o acidente, o álbum mostra que a recuperação de Herbert é progressiva e falta apenas um ou outro detalhe para que todo o puzzle fique completo. Herbert está cantando melhor do que antes, com a voz potente. Ele ainda dedica uma das músicas do CD a outro companheiro de infortúnio, Marcelo Yuka (Flores no Deserto).

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