Nouvelle abandona Couisine e lança disco

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Por Agencia Estado
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O novo álbum do Nouvelle, ex-Nouvelle Couisine, chama-se Free Bossa. Nele, o agora trio, formado por Guga Stroeter (vibrafone), Maurício Tagliari (Guitarra) e Luca Raele (clarinete, sax e teclados), estréia o novo nome e a nova vocalista, Estela Cassilatti. Para apresentar o disco ao público, eles iniciam nesta terça-feira uma série de espetáculos com participações especiais. Tocam ao lado do quinteto de clarinetes Sujeito a Guincho e seguem, sempre às terças, com Nação Zumbi, Andrea Marquee, Walter Franco e Trio Mocotó, no palco do Blen Blen. Do estúdio Mosh, em São Paulo, Guga Stroeter, conversou por telefone com a reportagem da Agência Estado. "Estou aqui correndo com as gravações do próximo álbum do Heartbreakers, que sai pela Trama no ano que vem", conta. Empolgado com a volta do Nouvelle ele explicou a escolha dos convidados: "Todas essas pessoas, apesar de muito diferentes entre si, convivem conosco. Foram escolhidos por fazerem parte de um novo cenário musical brasileiro que acredito ser muito rico". No entanto, deixa bem claro que todos devem se adequar a linguagem musical do Nouvelle para participar. "É esse o intuito", explica. Free Bossa é o quarto álbum do Nouvelle, que iniciou sua carreira na noite de São Paulo em meados dos anos 80. Na época, com o nome de Nouvelle Couisine e com Carlos Fernando nos vocais, eles se destacaram por interpretar standards do jazz de forma singular. Aos poucos foram introduzindo elementos de música brasileira, de Dorival Caymmi a Djavan. Neste novo trabalho, encontraram um meio termo entre o nacional e o estrangeiro. A bem da verdade, abrasileiram o que é nacional, estrangeiram o que é brasileiro. "Eu vejo o Nouvelle como uma forma contemporânea de fazer música brasileira", comenta Stroeter. "Pode chamar de Bossa Nova do ano 2000, um gênero que já vem sendo muito bem recebido fora do País e que surgiu com a Bebel Gilberto e com o Suba". Copacabana - Seja em um samba de roda folclórico, como Sereia, seja um tema de Cole Porter, ou no trabalho autoral (Sair do Ar, Riquixá e FreeBossa), o Nouvelle imprime um olhar sintético e acústico em sua música. Há um nítido sotaque carioca no som do trio. Algo que parece transportar qualquer canção para o Beco das Garrafas, reduto da bossa nova nos anos 60. Na última terça-feira, no espetáculo de lançamento do álbum, decoraram o Blen Blen com balões de luz, biombos e um felpudo tapete bege. À meia luz apresentaram as canções que compõe Free Bossa. Um show low profile, que traduz exatamente o que pretenderam os artistas com o disco. Nesta terça-feira, no entanto, o resultado deve ser bem diferente. O Sujeito a Guincho, quinteto de metais de Luca Raelle deve fazer bastante barulho e deixar o espetáculo um tanto quanto suingado. É o que promete Stroeter. O Nouvelle, como parecia, nunca terminou. Estava moribundo. Apresentaram-se vez ou outra neste intervalo entre Novelhonovo e Free Bossa. Uma delas no Teatro Municipal, outras duas no Festival de Inverno de Campos do Jordão. Quando Carlos Fernando deixou a banda alegando divergências musicais, em 1997, Stroeter foi atrás de Estela. "Eu adorava vê-la cantar". Começaram então a tocar e compor. "Por isso esse disco é forte, porque ele é uma soma de convicções", afirma o vibrafonista. "Relembramos nele o período pré-Nouvelle, quando tínhamos uma banda chamada Calypso e nos encontrávamos para ouvir Ornete Colleman e Miles Davis da fase Bitches Brew", completa.

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