PUBLICIDADE

Norah Jones volta mais country

Segundo CD da cantora chega ao Brasil na terça-feira com mais country na mistura que garantiu vendagem de espantosos 18 milhões de exemplares do disco de lançamento. Ouça a música Don´t Miss You at All

Por Agencia Estado
Atualização:

Ao ouvir o aguardado segundo CD de Norah Jones, Feels Like Home, que sai na Europa nesta segunda e no Brasil e Estados Unidos na terça-feira, os fãs não vão notar muita variação sobre o anterior. Em entrevista ao GRUPO ESTADO, ela disse que vive um momento diferente daquele quando, conhecida de poucos, lançou Come Away With Me. Essa diferença se traduz numa leve predominância do country sobre os outros gêneros - jazz, blues, folk, soul e pop - que compõe a vitoriosa mistura que resultou em espantosos 18 milhões de exemplares vendidos do primeiro CD, 150 mil deles no Brasil. Norah tem entre suas influências, um ícone do country americano, Willie Nelson, e já gravou um dueto com o ídolo num disco dele. Fez o mesmo com outra poderosa do gênero, Dolly Parton, que devolve a gentileza participando do bluegrass Creepin´ In, a faixa mais acelerada de Feels Like Home. A enorme expectativa em torno do novo trabalho é mais do público e da gravadora do que dela. Afinal, é surpreendente que uma estreante, hoje com 24 anos, tenha atingindo tal marca, cantando música sofisticada, sem palavrão nem barulho ou gritaria, posar de cachorrinha como muitas de suas contemporâneas, e enfrentando a reboque o avassalador avanço da pirataria. Lançado em 2002 e premiado com sete Grammys, Come Away With me continua esta semana em 25.º lugar na parada da revista Billboard, registrando 8 milhões de exemplares vendidos nos Estados Unidos em 101 semanas. A previsão é de que Feels Like Home chegue ao topo na semana de lançamento. Nada disso parece abalar a serenidade da tímida Norah. "É estranho ter de dar entrevistas, mas ainda não sou reconhecida nas ruas, então vivo uma vida normal. Até começar tudo de novo... Tour, promoção, entrevistas...", comenta. Na terça-feira ela começa a peregrinação pelos mais populares talk shows da tevê americana para promover o CD. Dia 15 de abril inicia a turnê de lançamento por Dublin, na Irlanda. O Brasil ainda não está na agenda, mas tudo indica que desta vez ela vem. Norah cancelou a apresentação que faria em São Paulo e no Rio em 2002 e cogitou voltar no ano passado, mas achou melhor deixar para quando tivesse material novo já testado para cantar. Se Norah mudou em algum aspecto, não foi em relação ao mercado e disse que de maneira nenhuma se sentiu pressionada a corresponder a essa expectativa. "É claro que quero que as pessoas que compraram o primeiro CD gostem do meu trabalho, mas sei que não posso agradar a todos. Eu estava num momento de minha vida em Come Away With Me, agora estou em outro. Mas continuo sendo eu mesma, não vou fazer rock and roll, entende?", afirma a cantora. Não era para tanto, mas o fato é que não mexeu muito na receita. "Acredito que fiz algo diferente, sim", desconversa ela. "Fizemos, eu e a banda, o que acreditamos ser o melhor." Feels Like Home é uma extensão natural do disco anterior mas há uma coerência na ordem das faixas que indica sutis transformações. Se começa com a repetitiva Sunrise, que poderia estar no disco anterior, Norah reserva para o final o grande momento, Don´t Miss You at All, que ela compôs sobre o tema de Melancholia, de Duke Ellington, e canta sozinha ao piano. O recheio oscila entre boas releituras de Tom Waits (The Long Way Home) e Townes van Zandt (Be Here to Love Me) e uma nada sutil incursão de Dolly Parton em Creepin´ In. A maior parte do repertório tem a assinatura de Norah e seus parceiros de banda. São canções contemplativas, algumas muito bonitas, mas carentes de tempero, interpretações doces, instrumentação limpa, antiquada e econômica, letras que variam sobre o mesmo tema batido das relações sentimentais. É o conforto que explicita no título. Sem alterar a atmosfera pacífica, aqui e ali há pequenos prodígios, como What Am I to You (de autoria dela) e In the Morning (Adan Levy), blues de acento soul. Isso para ela é brincar de fazer rock. Tão certo como o disco vai virar a sensação da temporada, a qualidade se mantém intacta.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.