Noel Gallagher volta ao Brasil e brinca com retorno do Oasis

Adorável rabugento, artista inglês se apresenta em São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte

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Por Pedro Antunes
Atualização:

Não, Noel Gallagher não quer saber de Oasis, banda que sacudiu o rock inglês no início dos anos 1990, formada ao lado do irmão mais novo, Liam, e encerrada nove anos atrás. Na noite de quinta, 18, ao receber dois prêmios do Q Awards (melhor artista solo e contribuição à música, com um discurso feito por Bono, do U2), foi ao microfone no melhor estilo Noel, o rabugento, dizer que deveria agradecer ao irmão. Afinal, “se não fosse por ele, não seria um artista solo hoje”. 

Noel Gallagher e sua babda High Flying Birds se apresentaram no Lollapalooza 2016 Foto: Rafael Arbex / Estadão

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E ficou na festa, em Londres, a até umas 5h da manhã. Às 16h50 (12h50, no horário de Brasília), falou ao Estado e confessou não estar “completamente bem depois da premiação”. “Mas não me arrependo, foi uma muito divertido”, vibrou. 

Mas a cabeça do músico, latejando ou não, está no High Flying Birds, o grupo fundado desde o derradeiro desentendimento com Liam, em 2009, resultando no fim da existência do Oasis. A partir dali, o Gallagher mais velho criou sua nova banda, com a qual lançou três discos, Noel Gallagher’s High Flying Birds (2011), Chasing Yesterday (2015) e, por fim, Who Built the Moon? (2017).

Liam também tentou ter uma banda para si, Beady Eye, que existiu até 2014, e depois iniciou uma aventura sozinho com o álbum As You Were. Na comparação, cada irmão lançou três discos no período pós-Oasis, mas o talento de compositor de Noel ajudou-o na posição de hitmaker dentre os irmãos, já que sua trinca de álbuns ficou em primeiro lugar nos mais vendidos da Inglaterra. 

É acompanhado mais uma vez dos High Flying Birds, atualmente um septeto, que Noel volta ao Brasil. Figurinha frequente no País desde o fim do Oasis, o inglês fez nove apresentações por aqui e prepara mais três: Curitiba (7 de novembro, na Pedreira Paulo Leminski), São Paulo (dia 8, na Arena Anhembi) e em Belo Horizonte (dia 10, no Km de Vantagens Hall BH).

Os shows em Curitiba e São Paulo integram o festival Summer Break Festival, cujo line-up inclui a banda Foster The People. 

“Eu sou muito feliz com eles (os High Flying Birds)”, ele conta, questionado sobre a experiência de manter essa nova banda nos últimos oito anos – com o Oasis foram 18 anos. “Minha vontade é seguir com esse grupo para sempre. São grades músicos e pessoas ótimas, incríveis de se passar um tempo junto, entende?” 

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Noel Gallagher e sua babda High Flying Birds se apresentaram no Lollapalooza 2016 Foto: Rafael Arbex / Estadão

Aos 51 anos – “shiiiiu”, pediu ele, ao ouvir a própria idade do lado de cá da linha, sendo 27 deles dedicados à música –, Noel Gallagher se mantém como um dos principais compositores do rock com alcance de rádio da sua geração. Assim foi com Wonderwall ou Don’t Look Back in Anger (esta última, executada em grande parte dos shows dos High Flying Birds).

Dono de uma autoestima invejável, Noel disse certa vez, no fim do ano passado, ter 16 canções imortais. Ao telefone, pede para ouvir o nome das citadas na ocasião. “Posso acrescentar mais algumas?”, ele pede e emenda citando Holy Mountain, It’s a Beautiful World e She Taught Me How to Fly, três recentes singles com os High Flying Birds, que, para ele, têm a mesma importância que Supersonic, Slide away, Live Forever, entre outras já citadas. 

“Você simplesmente sabe quando fez uma canção eterna”, ele conta, “quando vê como o público reage a ela. A criação de uma canção assim é gradual, é claro, começa com um riff, com uma letra e as coisas começam a funcionar. Mas é quando o público reage a ela que você sabe. E você simplesmente sabe”. 

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O garoto de 20 e poucos anos que, nas palavras de Alan McGee, o primeiro presidente de gravadora a contratar a banda, a Creation Records, parecia um “traficantezinho desbocado”, tem ainda sua língua solta. “Meu desejo sempre foi ser rico”, ele diz sobre os motivos que o levaram à música. “Que fama, que reconhecimento. Eu queria ter uma TV gigantesca, morar numa mansão”, ele conta. 

Ao fim da entrevista, é preciso tocar no assunto delicado. Neste caso, Oasis. “Você quer saber do Oasis”. Lá vem: “Nós vamos voltar, em dois anos. Faremos uma turnê enorme no Brasil, com ingressos gratuitos. Será a melhor coisa que o rock já viu”, diz. Difícil de acreditar? “Pois acredite”, ele repete, parecendo sério. “Pode colocar na capa do jornal.” Pois bem, cá está. 

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