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Ney Matogrosso homenageia Cartola

Cantor mostra, em duas apresentações, o repertório de seu CD, Ousar Ser, inteiramente dedicado a músicas do compositor

Por Agencia Estado
Atualização:

A primeira vez que ouviu Cartola, Ney Matogrosso ficou deslumbrado. Era 1960 e Sim tocava na rádio. "Cartola é um mestre, um compositor que, apesar de simples, é autor de músicas extremamente requintadas, tanto nas melodias quanto nas letras", diz Ney. O show Ney Matogrosso/Ousar Ser, que estará no palco do Sesc Pompéia neste sábado, às 21h. e domingo, às 18h, é a realização de um antigo desejo. Baseada no CD homônimo - que integra o livro com fotos do cantor assinado por Bené Fonteles, também de mesmo nome - a apresentação será um miniconcerto intimista com toques intimistas. Nada de performático ou espetaculoso, como ele está acostumado a fazer. "Será algo bem simples." Ney deixará de lado o figurino extravagante e a profusão de gestos para interpretar canções como O Sol Nascerá e As Rosa Não Falam, que ganhou novo arranjo no 27º disco da carreira do músico. "Como é uma canção muito conhecida, era preciso criar uma nova versão". A nova roupagem traz um dos clássicos de Cartola interpretada com violão e sopro, num arranjo que propositalmente não faz referência alguma ao samba. Outro título que ganhou nova cara é Ensaboa, mas por motivos contrários ao de As Rosas. Ney diz que uma das músicas menos populares do fundador da escola de samba Mangueira foi repaginada com batidas da música africana. Segundo Ney, "os arranjos preservaram a densidade das faixas no que elas têm a dizer, mas as deixaram com clima mais leve." Acompanhado por Marcelo Gonçalves (violão de sete-cordas), Zé Nogueira (sax-soprano), Jorge Elder (baixo e cavaquinho), Zero (percussão) e Ricardo Silveira (violão), Ney vai interpretar ainda Sim, Cordas de Aço, Corra e Olhe o Céu, Acontece, Tive Sim, O Mundo é um Moinho, Peito Vazio, Senões e Desfigurado. O CD, e conseqüentemente o show, é também resultado da concretização de uma idéia que Ney teve 15 anos atrás: publicar as fotos clicadas por seu amigo Luis Fernando Borges, artista que fez a capa de seu primeiro disco- solo e o acompanhou até sua morte, em 1990. Foi no momento em que Bené Fonteles, autor de Ney Matogrosso/Ousar Ser, sugeriu que colocassem um CD para integrar a publicação que viu a oportunidade que tinha em mãos: homenagear do começo ao fim do disco um dos nomes que mais admira da MPB. No livro, Fonteles traça um perfil do artista, da infância aos dias de hoje, passando pelo tempo dos Secos & Molhados. "O que está na obra é um Ney Matogrosso sincero e transparente, resultado de um diálogo entre o autor e o cantor", diz Fonteles, cujo texto "ilustrou" as fotos feitas ao longo de cerca de 20 anos de carreira de Ney. Ele prefere não pensar assim, mas a publicação pode ser considerada uma comemoração de seus 60 anos, que serão completados este ano, 30 deles dedicados à música. Serviço Ney Matogrosso/Ousar Ser. Amanhã, às 21h. e domingo, às 18h. R$ 25

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