Nelson Sargento põe o samba em festa com novo CD

Flores em Vida é o segundo álbum que o mangueirense de 77 anos lança só com suas músicas. O álbum será lançado amanhã, em São Paulo

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Nelson Sargento autografa nesta sexta-feira, no bar Pirajá, em Pinheiros, a partir das 14 horas, seu mais novo CD, Flores em Vida, lançamento do selo fonográfico Rádio MEC. Na segunda-feira, faz, ao lado do Quinteto em Branco e Preto, no CCBB em São Paulo, o show de abertura da Mostra Leila Diniz, retrospectiva cinematográfica da atriz, que morreu há 30 anos. Um dos títulos da Mostra Leila Diniz é o vídeo Já Que Ninguém me Tira pra Dançar, de Ana Maria Magalhães. A música principal do vídeo é um samba de Nelson Sargento. Infelizmente, o espetáculo do CCBB é apenas para convidados. Já a tarde de autógrafos do Pirajá é para todos. Não está programado show no bar, mas quem duvida que, no fim da festa, haverá uma roda de samba? Aos 77 anos, o mangueirense Nelson Sargento é um dos totens do samba carioca, um dos grandes símbolos do que há de melhor e mais digno no gênero. Em atividade constante, Nelson é violonista, cantor, compositor, poeta, ator, escritor, pintor - os temas de seus quadros são, naturalmente, o cotidiano do morro, as festas populares, as rodas de samba que nunca abandonou. Sua música mais conhecida é o hino Agoniza mas não Morre, composto naquela época dos anos 70 em que a morte do samba havia sido decretada (como vinha sendo decretada antes e continua hoje, até em teses acadêmicas). Boas rodas de bambas, em algum momento da noite, cantam os versos famosos. Nascido no dia 25 de julho de 1924, Nelson Sargento começou a tocar tamborim aos 10 anos, no Salgueiro - passou parte da infância e juventude na Tijuca, quase ao lado da escola. Mais tarde iria para a Mangueira, levado pelo padrasto, o mangueirense histórico Alfredo Português. Aprendeu violão com Cartola e Nelson Cavaquinho. No início dos anos 60, atuava no conjunto titular do restaurante Zicartola, no centro do Rio - casa de comida e samba comandada por Cartola e Dona Zica. Integrou o conjunto Rosa de Ouro, que acompanhou Clementina de Jesus na estréia dela - os outros integrantes eram Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e Anescarzinho do Salgueiro. A essa turma se juntou, pouco depois, o compositor Zé Kéti, e o grupo mudou de nome: passou a ser A Voz do Morro. Outra modificação na formação e tivemos Os Cinco Crioulos, que chegou a gravar três discos, para a RGE, ainda nos anos 60. A discografia de Nelson Sargento é pequena e formidável. Flores em Vida é, na verdade, o segundo CD que faz só com músicas suas. O título faz referência a uma homenagem em forma de samba que recebeu dos admiradores Moacyr Luz e Aldir Blanc: Flores em Vida para Nelson Sargento. Para que ele não se visse obrigado a lamentar, como outro Nelson, o Cavaquinho, que as flores só viriam depois da morte. Para Sargento, hoje, têm sido muitas as flores. Seja longa a vida.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.