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Nei Lopes canta sambas de breque

Acompanhado pelo Quinteto em Branco e Preto, ele apresenta no sábado músicas de Sincopando o Breque, no Consulado da Cerveja

Por Agencia Estado
Atualização:

Infelizmente é um dia só. Mas ele volta para fazer o show de lançamento de seu novo disco. Esse espetáculo que Nei Lopes apresenta sábado, à tardinha, no Consulado da Cerveja, acompanhado pela grande revelação que é o Quinteto em Branco e Preto, diz respeito ao seu disco anterior, Sincopando o Breque. Claro que ele não deixará o palco sem cantar alguns de seus sucessos mais conhecidos, como Senhora Liberdade ou Goiabada Cascão. Mas as músicas do espetáculo do fim de semana são os sambas de breque que Nei vem compondo ao longo da vida, a maior parte deles gravada e com história de sucesso. Por algum motivo, o samba de breque é uma subdivisão do gênero que ficou um tanto esquecida - e há quem acredite que a morte de Moreira da Silva sepultou de vez o velho estilo que incorpora palavras comentários, eventualmente falados, entre os blocos de versos. O fato é que o samba de breque é difícil de cantar e de fazer. E a verdade é que Nei Lopes é um dos grandes autores de sambas de breque de todos os tempos, embora seu nome esteja mais associado, para o público, ao samba - como se houvesse samba sem breque. Uma das questões da vida de Nei, um intelectual que concluiu recentemente a monumental Enciclopédia da Diáspora Negra, autor de livros de poesia, crônicas, estudos sobre cultura negra, é justamente a divisão que se faz - e que ele, muito justamente, acredita não existir - entre samba e música popular (que dirá entre samba e samba de breque). Nei vê aí um traço de racismo. Lembra que um jornal do Rio se referiu ao dueto dele com Chico Buarque, no mais recente disco do Guinga, assim: o compositor Chico Buarque e o veterano sambista Nei Lopes. Branco é compositor. Preto é, no máximo, veterano sambista. Detalhe é que Chico é um pouquinho mais velho do que o veterano parceiro. Risos amarelos. E isso importa? Sim, porque a questão do orgulho da raça, e todas as questões da raça, impregnam a obra de Nei Lopes, movem sua música e sua poesia. Não a ponto de tornar o autor amargo. Pelo contrário, a música de Nei esbanja alegria, sátira, crítica bem-humorada, num conjunto que faz a crônica moderna da vida do Rio de Janeiro. Nei Lopes e Quinteto em Branco e Preto - Sábado, às 17h45. Consumação mínima R$ 10,00 (mulher) e R$ 20,00 (homem). Consulado da Cerveja. Rua Eduardo Espínola Filho, 70, tel. 6973-3256.

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