Naná Vasconcelos lança novo disco

Minha Lôa é um disco alegre, que soa como uma grande festa. Nele, o percussionista flerta com a eletrônica sem se desviar do fundo afro-brasileiro

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Por Agencia Estado
Atualização:

A maioria dos discos de Naná Vasconcelos foi gravada fora do Brasil. E boa parte deles - todos brasileiríssimos - nem teve lançamento aqui. Por sentir falta de falar para sua gente, Naná resolveu modificar a regra por conta e risco próprios. Morando entre Nova York e o Recife, o olindense escolheu o estúdio Fábrica, da capital pernambucana, para registrar Minha Lôa, já nas boas lojas do ramo, com chancela do Fábrica Discos. Se não encontrar nem nas boas lojas (e isso não é raro), visite o site www.fabricaestudios.com.br, pelo qual é possível, também, falar com o músico. Faz um ano que saiu edição brasileira de outro disco de Naná, o CD Fragmentos, uma compilação de composições escritas para filmes que já estava no mercado internacional havia cinco anos. De Fragmentos repete-se, em Minha Lôa, uma música, Gorée, feita para o documentário do francês Didier Grosset sobre a pequena ilha, porto mercador de escravos, da costa do Senegal. O tom evocativo, profundamente triste, da gravação original, é atenuado, aqui, pela guitarra e os samples de João de Souza Leão. Minha Lôa flerta explicitamente com a música eletrônica e Naná sempre usou recursos eletrônicos em sua música. A diferença é que, agora, os recursos são empregados por músicos convidados. Embora nem todos os convidados sejam dessa praia. No samba Voz Nagô, por exemplo, os participantes são o violonista e cavaquinhista Pedro Amorim (autor da canção, em parceria com Paulo César Pinheiro) e a cavaquinhista Luciana Rabello. Pedro Amorim canta com Naná. Minha Lôa é um disco alegre como os de Naná não costumam ser. Soa como grande festa, em sambas, maracatus, forrós e outros ritmos e gêneros afro-brasileiros. Na faixa de abertura, Futebol, dele, um protesto contra jogo de resultados a que hoje assistimos: "Não deixe o futebol perder a dança/ Não deixe esse sorriso de criança/ Não deixe o futebol perder." Considere-se o estado de arte, mude-se "futebol" por "música" e tem-se o retrato da obra.

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