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Nana Caymmi mostra "Desejo" em SP

Cantora faz a estréia da turnê de seu novo álbum nesta sexta-feira, no Directv Music Hall. Depois, leva espetáculo ao Canecão, no Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

Nana Caymmi estréia seu novo show nesta sexta-feira, em São Paulo. Canta, até domingo, as músicas do disco Desejo, que acaba de lançar. Das 14 faixas do CD, 12 são novas. Duas são regravações: Saudade de Amar, do irmão Dori Caymmi (com letra de Paulo César Pinheiro), que o autor da melodia já havia registrado, há três anos (e que está, agora, na trilha da novela Porto dos Milagres, da TV Globo, servindo de tema à personagem de Cássia Kiss); e Vou Ver Juliana, um samba do pai, Dorival, que há muito tempo não era gravado por ninguém. Vale lembrar que, no disco, Nana canta Vou Ver Juliana em duo com Zeca Pagodinho. Era um velho desejo de Nana cantar com Zeca. "Um gesto de amor, convidá-lo para gravar comigo", confessa ela. "Nós já deveríamos ter dividido antes uma faixa, para o projeto Casa de Samba, da Universal, mas não deu. Eu não tinha data, ele não tinha quando eu tinha, esses desencontros. Agora deu tudo certo. E gosto muito do jeito como Zeca interpreta o samba de papai, que é muito carioca e me faz lembrar minha infância. Ninguém, hoje, canta esse tipo de samba como Zeca Pagodinho." O cantor, entretanto, não estará em cena com Nana. Tem outros compromissos, está cuidando de disco novo. E cumpre lembrar que, a rigor, uma terceira canção do repertório de Desejo não é inédita. Trata-se justamente da faixa que dá título ao CD, uma canção de Fátima Guedes já gravada pela autora. "Mas não tocou no rádio, ninguém ouviu. É como se inédita fosse", diz Nana. Curiosamente, quem fez o arranjo de Desejo para a gravação de Fátima Guedes foi o mesmo Cristóvão Bastos que fez também o arranjo para a gravação de Nana - e que é o diretor musical do show deste fim de semana. "Mas o Cristóvão fez coisas diferentes para cada uma, escreveu para nossas personalidades, que são diferentes", conta Nana. "Eu até gostaria de ter gravado antes, essa canção, mas tinha de deixar passar um tempo, pois a interpretação da Fátima é muito forte e, durante um tempo, para mim, a música ficou impregnada de sua leitura - ainda mais sendo leitura autoral", explica. Ah, sim, Desejo está num disco de Fátima Guedes chamado Muito Intensa. Não por acaso. Linda flor - Mas o repertório do show terá mais do que as músicas do disco. Nana jamais negaria os sucessos ao público fiel - e garante, ainda, sua versão de Linda Flor (Ai, Iôiô), canção gravada em duo por ela e por Dori no mais recente disco dele, Influências. Infelizmente, Dori não estará em palco com Nana, para repetir o feito (como Zeca não estará e como o outro convidado especial de Desejo, Ivan Lins, também não estará). "Mas eu prometo que quando o Dori fizer o show de lançamento do disco dele, eu estarei no palco, com ele, meu irmão e minha grande paixão", garante. Nana vai cantar acompanhada pelos músicos que são seus companheiros constantes de muitos anos - o pianista, arranjador e diretor musical Cristóvão Bastos, o violonista e guitarrista Ricardo Silveira, o contrabaixista Jorjão Carvalho, o saxofonista e flautista Ricardo Pontes, o baterista Ricardo Cosa, o percussionista Don Chacal e o tecladista Itamar Assiére. Ela nutre especial carinho pela canção Marca da Paixão, assinada por outros companheiros de muitos anos, Márcio Proença e Marco Aurélio. Apesar do título, não tem nada a ver com a novela que esteve no ar pela Record. Marco Aurélio morreu, há pouco tempo, precocemente. Era um dos maiores amigos da cantora, parceiro também de Aldir Blanc (Marco Aurélio e Aldir chegaram a ter um selo fonográfico, Alma, pelo qual saiu o disco 50 Anos, comemorativo do cinqüentenário de Aldir). É uma das perdas com as quais Nana não se acostumará jamais. Gravou muita coisa de Marco Aurélio, entre as quais a canção Outra Tarde (também com Márcio Proença), uma das mais belas e tristes composições que a música brasileira produziu nos anos 90. Em Marca da Paixão ela parece estar cantando para o autor dos versos: "Tanta coisa pra dizer/ Tudo é nada sem você/ Não dá pra disfarçar/ Essa marca da paixão" - palavras simples, versos de jeito comum, cuja profundidade revela-se ao se combinarem com a melodia. Esse é o segredo dos grandes letristas (que não devem ser confundidos com os poetas da palavra sem música). "Nos últimos tempos, quando a doença ficou mais séria, Marco Aurélio fez letras sem parar, compôs sem parar. Tenho guardadas muitas coisas dele, principalmente feitas com o Proença", conta Nana. "Mas não acho que seja hora de juntar a obra num disco, num songbook, embora a obra mereça", ressalva. "O mercado anda muito preguiçoso, as gravadoras em pânico com a queda das vendas, com a pirataria; todo mundo diz que está tudo muito caro, o disco, o ingresso dos shows, o que justificaria a impossibilidade de se fazer temporadas - e pode ser que tudo esteja caro mesmo, embora os aeroportos vivam cheios" - ela não perde a chance de uma alfinetada. Seja como for, seu espetáculo sai de São Paulo para o Canecão, no Rio, e, depois, viaja para outras praças. "Não sei quais são as próximas cidades, prefiro saber aos poucos, vou por partes", diz. "Assim como não fico antecipando o repertório do próximo disco. Sei que terá canções de amor, que podem ser tristes, sentimentais. Não podem é ser deprimidos. Tristeza e depressão, ao contrário do que muita gente pensa, não são o mesmo sentimento." Nana Caymmi. Sexta e sábado, às 22 horas; domingo, às 20 horas. De R$ 30,00 a R$ 55,00. Directv Music Hall. Avenida dos Jamaris, 213, tel. 5643-2500. Até domingo.

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