MV Bill deve depor em janeiro sobre clima polêmico

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Por Agencia Estado
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Só em janeiro o cantor de rap MV Bill, nome artístico de Alex Pereira Barbosa, vai ser chamado a depor sobre o clip Soldado do Morro, exibido pela primeira vez num show realizado na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio, no dia de Natal. No clip, o músico aparece ao lado de traficantes e crianças e imitam a guerra do tráfico usando revólveres de madeira. O diretor da Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE) Ricardo Domingues, requisitou o filme, para examinar se ele contém apologia ao crime. Caso isso ocorra, MV Bill pode ser processado. Hoje, Domingues passou o dia em reuniões, mas mandou dizer que só tomará qualquer decisão depois de receber a fita com o clip. Em princípio, há suspeita apenas de apologia ao crime, mas se for constatado que os personagens do clip são interpretados por traficantes verdadeiros e não por atores, ele poderá ser acusado de outros crimes. O delegado não especificou quais seriam. A gravadora de MV Bill, a Natasha Records, se exime de responsabilidade sobre o clip. Segundo o gerente de marketing, João Fraklin, o artista e seu empresário, Celso Athayde, encomendaram o trabalho a uma produtora paulista, cujo nome ele desconhece. "Já havíamos feito dois clips para o MV Bill, Traficando Informação e A Noite, músicas de seu CD. Esse terceiro não deve passar na televisão porque as emissoras não aceitam clip com dez minutos", disse Franklin. "Ainda não recebemos qualquer notificação da polícia, mas estamos dando toda a assessoria ao MV Bill." Athayde, o empresário de MV Bill, não estava no Rio,hoje, e não retornou as mensagens deixadas em seu bip. Antes do lançamento do clip, a polícia já ficou alerta para seu conteúdo. Em solidariedade a MV Bill, o compositor Caetano Veloso, marido de uma das proprietárias da Natasha Records, Paula Lavigne, levou vários artistas ao show do dia de Natal, para protestar contra a atitude da polícia. Músicos como Djavan e Toni Garrido (cantor do grupo de reggae Cidade Negra) defenderam a liberdade de expressão do rapper e protestaram contra o que consideraram censura. A presença deles, chamou atenção da mídia para o show que teve um público de cerca de mil pessoas, por causa da chuva que atingiu o local. Não é a primeira vez que a música Soldado do Morro causa polêmica. Em setembro de 1999, quando MV Bill lançou seu primeiro disco, a BMG-Ariola, que o distribuía, levou jornalistas de todo o País para um coquetel na Cidade de Deus, um dos bairros considerados violentos do Rio. Vinte dias depois, no no Free Jazz, ao abrir o show do grupo americano The Roots, o rapper cantou essa música empunhando uma pistola de verdade. "É uma PT-40", disse ele, na época, à reportagem. "Mas não tinha risco de machucar ninguém porque estava travada." A direção do Free Jazz, a BMG e a Natasha desmentiram, mas o CD só vendeu 35 mil cópias até hoje, 15 meses depois.

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