Músico malinês Salif Keita chama atenção para o sofrimento de albinos africanos

'Estamos dizendo que a beleza está na diferença. Temos que sentir orgulho do que somos', disse

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Por Fadima Kontao e Tim Cocks
Atualização:

Como muitas pessoas, o músico malinês Salif Keita percebeu pela primeira vez que era diferente quando entrou na escola – sua pele era branca, e todas as outras crianças eram negras.

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“Eu era o único albino”, disse ele à Reuters em uma entrevista. “Eu soube imediatamente que era diferente das outras crianças.”

Em toda a África, a condição de pele – em que os portadores nascem sem pigmento na pele, nos olhos e nos cabelos – é vista muitas vezes como um sinal de má sorte. Os albinos são evitados, marginalizados, mortos e, em alguns locais, esquartejados para que seus membros possam ser usados em poções mágicas.

O cantor malinês Salif Keita Foto: Moustapha Diallo/ Reuters

Mas quando a menina albina de cinco anos Ramata Diarra foi morta e decapitada durante um ritual na cidade malinesa de Fana, 130 quilômetros a oeste da capital Bamako, em maio deste ano, Keita decidiu agir.

“Fiquei verdadeiramente chocado”, contou ele à Reuters antes de fazer uma apresentação em Fana no sábado, 17, em homenagem a Ramata.

“Os albinos têm problemas para se integrar na sociedade, o que é algo que queremos expor”, disse. “Estamos dizendo que a beleza está na diferença. Temos que sentir orgulho do que somos.”

Seu novo disco, Un Autre Blanc (Um Outro Branco) – o último antes de o artista de 69 anos se aposentar – procura ressaltar esta mensagem.

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Sua música – uma mistura dançante, mas curiosamente melancólica, de música folclórica mandinga com jazz-funk percussivo – encanta plateias da África Ocidental e do Ocidente há décadas.

O novo álbum é mais eclético do que os anteriores, trazendo colaborações de convidados variados como o rapper francês MHD, a cantora nigeriana de afropop Yemi Alade e o grupo coral sul-africano Ladysmith Black Mambazo.

“Foi minha maneira de dizer adeus, fazer isto com meus amigos”, disse ele à Reuters.

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