Musical lembra vida e obra de Bidu Sayão

Bidu Sayão: Uma Homenagem faz um retrato sensível da soprano, que Mario de Andrade apelidou de "o rouxinol do Brasil"

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Por Agencia Estado
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Má sorte teve Bidu Sayão. Depois de uma carreira como poucas, a soprano permanece, em seu próprio País, vítima de um cruel paradoxo: muita gente já ouviu falar dela, mas e sua voz? Quantos de fato conhecem seu trabalho? Com a intenção de revelar ao público um pouco da biografia de uma de nossas mais ilustres sopranos é que estréia hoje no Teatro São Pedro o espetáculo Bidu Sayão: Uma Homenagem. O espetáculo é assinado por Adir de Lima e Décio Gentil, com produção de Fernando Calvozo, Elvira Gentil, Achile Picchi e Sérgio Casoy. E a intenção é uma só: ser um retrato sensível da vida e obra de Bidu. Foi Mário de Andrade quem deu a Bidu Sayão o apelido pelo qual ela seria conhecida: "o rouxinol do Brasil". Só que seus vôos principais não foram dados por aqui. Após o início da carreira no Rio, a cantora seguiu com a mãe para a Romênia e a França, onde fez seus estudos. No início dos anos 30, ela chegaria aos Estados Unidos onde, em 1936, o lendário Toscanini a convidou para um concerto no qual ela interpretou La Demoiselle Élue, de Debussy. Do maestro, ela ganhou um novo apelido, "la piccola brasiliana", e a credencial que a levaria para o Metropolitan Opera House, a grande casa de ópera norte-americana. Ela integrou com destaque o elenco da companhia durante 13 anos. E, além de colher elogios da crítica, participou de projetos históricos, como a primeira gravação de ópera feita em estúdio nos EUA (La Bohème). Sua estréia no teatro, em 13 de fevereiro de 1937, como Manon, também foi registrada - e você a encontra no catálogo do selo Naxos. E é justamente no Metropolitan que se inicia Bidu Sayão: Uma Homenagem. Em uma noite de 1983, quando a casa completava 100 anos de atividades, Bidu chega ao MET para participar das festividades. Reencontra Laura, a camareira fictícia que a teria acompanhado durante toda a carreira, e com ela, à medida que a festa se prepara, relembra os principais pontos de sua vida. "Uma das coisas que fazem do espetáculo um retrato muito sensível de sua vida é a interação no palco, em alguns momentos, das Bidus de fases distintas de sua trajetória", explica Sérgio Casoy. A Bidu - homenageada naquela noite com a entrega de uma edição especial de sua gravação, feita no MET, de Romeu e Julieta (disco que foi escolhido para marcar os 100 anos do teatro) - de 80 anos será interpreta pela atriz Miriam Mehler. A soprano do auge da carreira será vivida por Mayara Magri. E Monalisa Capella vai interpretar a Bidu adolescente, que faz sua estréia com 17 anos no Municipal do Rio. Os trechos musicais serão cantados pela soprano Solange Siquerolli.

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