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Motoboy confessa atropelamento de Marcelo Fromer

O motoboy Erasmo Castro da Costa Júnior, de 31 anos, confessou hoje, no 15.º Distrito Policial no Itaim-Bibi, ter atropelado o guitarrista dos Titãs

Por Agencia Estado
Atualização:

O motoboy Erasmo Castro da Costa Júnior, de 31 anos, confessou hoje, no 15.º Distrito Policial, no Itaim-Bibi, ter atropelado o guitarrista dos Titãs. Marcelo Fromer, de 39 anos, morreu em junho passado, vítima do acidente. Costa Jr. foi indiciado por homicídio culposo. Para a mãe de Marcelo Fromer, a professora Lúcia Fromer, a melhor pena para o motoboy Erasmo Castro da Costa Júnior - preso hoje como o responsável pela morte do músico, num acidente, em 2001 - seria a prestação de serviços para vítimas de acidentes envolvendo motos. "As penas alternativas produzem mais resultados do que a prisão", acredita. Já a irmã do titã, a psicanalista Lígia Fromer, acha que a localização do acusado não é o mais importante. "Continua tudo do mesmo jeito. Os motoqueiros dirigem como malucos, colocando as pessoas em risco. Isso é que tem de mudar." Ela afirma também que a família não sentiu qualquer alívio com a ação da polícia. "O único alívio seria ter o Marcelo de volta." O metalúrgico aposentado Mário Varjão Oliveira, que recebeu o coração de Marcelo Fromer, disse estar feliz com a identificação. "A morte dele salvou minha vida, mas nunca desejei que isso acontecesse. Quem causou essa dor para a família tem de pagar." Prisão - Marcelo Fromer, guitarrista dos Titãs, bateu a cabeça no capacete que protegia o motoboy. Esse choque pode ter causado sua morte. A descoberta do homem que dirigia a moto que atropelou o músico ocorreu um ano e 21 dias depois do acidente na esquina da Rua Portugal com a Avenida Europa, no Jardim Europa, na zona sul de São Paulo. Erasmo não ficará preso, pois socorreu o guitarrista, telefonando para o setor de resgate do Corpo de Bombeiros. Desempregado há quatro meses, o motoboy ligou ontem à noite para um número de telefone de uma pessoa que lhe oferecera emprego. Ele não sabia que o celular era de um policial. No encontro, marcado para hoje pela manhã, Costa Júnior foi surpreendido pelos homens do 15.º Distrito Policial, que apuravam o caso. O motoboy confessou o atropelamento. "O acidente foi inevitável. Não foi proposital. Eu assumo o meu erro de ter saído do local." Após o acidente, ele apanhou o celular de uma testemunha, chamou o Corpo de Bombeiros e esperou a chegada dos paramédicos. Depois, foi embora. "Eu estava com o exame médico da carteira de motorista vencido, e fiquei com medo de ser preso." Imprudente - Após ser interrogado, foi indiciado pelo delegado Alexandre Sayão. Ele é acusado de homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e de ter deixado o local do acidente. Juntos, os crimes têm penas que variam de 2 anos e 6 meses de detenção a 5 anos. "Meu cliente será absolvido, pois não foi o causador do acidente. O músico é que foi imprudente, atravessando fora da faixa de pedestre", disse o advogado Antonio de Pádua Andrade. No dia do acidente, o motoboy estava trabalhando. Apanhara a Avenida Europa em direção à Avenida Paulista e dirigia em cima da faixa que divide as pistas. "Eu estava a 40 quilômetros por hora." Do outro lado da pista, que tem mão dupla, o tráfego estava quase parado. Segundo disse, Fromer saiu do meio dos carros, de repente. Não houve tempo para frear. O local estava escuro, pois a iluminação pública havia sido apagada por causa do racionamento de energia. Após o choque, motoboy e vítima foram parar no chão - a moto, uma CG-125 vermelha, teve uma luz de pisca quebrada. "Uma testemunha, que reconheceu o motoboy, confirmou a versão", afirmou o delegado. Além disso, segundo Sayão, a versão do acusado é compatível com os resultados da perícia técnica. Costa Júnior, que disse gostar dos Titãs, não sabia quem atropelara - só soube dois dias depois, pela televisão. Ficou, então, com mais medo. "Foi o meu primeiro acidente em cinco anos como motoboy". Um mês depois, vendeu a moto. Negou que tenha tido a intenção de se desfazer de uma prova. "Fiquei desempregado e precisava pagar dívidas." Ele passou a trabalhar com o pai, fazendo polimento industrial. Disse ter contado apenas para a mãe que havia atropelado o músico. Mas alguém ficou sabendo e informou o policial militar Ivan Libório da Mota, que procurou o 15.º DP. Ao ser detido, o motoboy tentou negar, mas acabou confessando. "Tinha uma faixa de pedestre a 15 metros dali, mas o Fromer atravessou na frente dos carros. Meu único erro foi estar no lugar errado, na hora errada."

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