Morte de Charles Trenet comove a França

Um dos grandes nomes da canção francesa, ao lado de Charles Aznavour, Trenet tinha 87 anos e escreveu músicas consideradas imortais pelos franceses

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Por Agencia Estado
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A comoção tomou a França na noite de domingo, quando foi anunciada a morte do cantor Charles Trenet, aos 87 anos, de derrame cerebral. Considerado um dos grandes nomes da canção francesa, ao lado de Charles Aznavour e Henri Salvador, Trenet foi autor de músicas consideradas imortais pelos franceses, como La Mer, Douce France, Que Reste-t-il de nos Amours, L´Âme des Potes e Vous Qui Passez Sans Me Voir. "Desde os seus 70 anos, Charles Trenet nos levou a um universo singular, em que o ritmo rima com ânimo, a melodia ilustra a felicidade e a nostalgia é ligeira", comentou, em comunicado oficial, o primeiro ministro Lionel Jospin. "Suas canções ainda serão muito entoadas pelas ruas, durante vários anos", completou o ministro da Educação, Jack Lang. A frágil saúde do cantor já preocupava os franceses desde abril do ano passado, quando sofreu o primeiro derrame, que paralisou os movimentos de seu lado esquerdo. Trenet havia se apresentado pela última vez em três concertos, em novembro de 1999, quando arrancou aplausos calorosos da platéia. Meses antes lançou seu último álbum, intitulado apenas Trenet. O duradouro sucesso de Trenet não se deveu apenas à sua voz charmosa, mas pela força de suas canções, que representaram a transição do modelo ingênuo do início do século passado para a letra mais séria, existencialista, do pós-guerra. Mesmo figurando na geração que forneceu nomes como Jean Sablon e Edith Piaf, Michel Trenet era sucesso absoluto de público, como cantor, compositor e figura pública. Suas canções caracterizavam-se por letras otimistas e de marcada ironia - Je Chante Matin et Soir e Mes Jeunes Annees são músicas que eram assobiadas por praticamente todos os franceses. Nem mesmo o julgamento que enfrentou por delito sexual, em 1964, arranhou sua popularidade, intacta dentro e fora dos palcos - tempos antes, em 1953, Trenet, já com 40 anos, participou do Tour de France, a mais importante prova ciclística do país. Não venceu, mas, ao completar a prova, tornou-se motivo de orgulho nacional.

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