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Morrissey deixa clássicos dos Smiths de lado e faz show para corações partidos

Britânico também homenageou as vítimas dos atentados em Paris

Por João Paulo Carvalho
Atualização:
Embora cansado, Morrissey esbanjou vigor físico e vocal Foto: Mila Maluhy|Divulgação

(Atualizado às 20:57)

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Morrissey tem uma característica bastante peculiar. O ex-vocalista do The Smiths, que fez seu segundo show na capital paulista na noite deste sábado, 21, no Citibank Hall, consegue atrelar seus pensamentos contundentes e incisivos a uma postura doce e, ao mesmo tempo, elegante. Nenhum outro artista da música pop atual faz isso de maneira tão apaixonante. Dessa forma, as letras de amor, sofrimento e protesto transformam-se, gradualmente, em verdadeiros hinos da rebeldia melancólica mais pungente.

Entre uma dança e outra, o britânico diz ao público que algo não vai bem. “A hora é agora. A noite pertence a vocês. Aliás, hoje eu serei só de vocês”, brincou Morrissey assim que subiu ao palco. O músico repetiu a fórmula da primeira apresentação em São Paulo, no Teatro Renault, realizada na última terça-feira, 17, e abriu o show com a emblemática Suedehead, sucesso de Viva Hate (1988), seu primeiro disco solo.

O inglês, entretanto, derrapou na escolha no repertório. Clássicos dos Smiths sequer foram lembrados. How Soon Is Now e This Charming Man, canções clássicas que estiveram presentes no set do primeiro show em São Paulo, no início da semana, ficaram de fora. 

Os fãs tiveram de se contentar com The Queen is Dead, Meat is Murder e What She Said. Nesta última, por sinal, o telão, posicionado do lado esquerdo do palco, mostrou cenas de animais sofrendo ao serem abatidos. No fim do vídeo, um recado em português: “Qual é sua desculpa agora? Carne é assassinato”.

A sequência das músicas não favoreceu Morrissey. Visivelmente cansado, pecou na ordem das canções. Em I’m Throwing My Arms Around Paris, perdeu a oportunidade de fazer um discurso mais incisivo, como era esperado.  Tímido, apenas enviou seus sentimentos às vítimas dos atentados ocorridos na capital francesa enquanto a bandeira da França era exibida no telão. Faltou vibração.

Após uma performance emocionante e teatral de Kiss Me a Lot, que salvou a primeira parte do show, ele tirou a camisa e jogou para o público, que a despedaçou em segundos. 

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Apesar de morno, Morrissey ainda sabe como poucos interpretar a solidão e externar o quão dolorosa ela pode ser. Novo disco. Músicas de World Peace is None of Your Business, seu mais recente disco, lançado em 2014, também estiveram presentes no show. 

Oboe Concerto, Kiss Me a Lot, The Bullfighter Dies e Earth is The Loneliest Planet consumiram boa parte da apresentação e foram bem aceitas pelo público que lotou o Citibank Hall. “Minha cabeça está toda molhada. Meu cérebro está todo molhado e não há nada que eu possa fazer para impedir isso. Vocês são incríveis!”, disse.

Há menos de um ano, Morrissey superou um câncer no esôfago e, devido a complicações causadas pela doença, precisou cancelar diversas apresentações ao redor do mundo, inclusive uma turnê que faria no Brasil, em 2013. 

Fora de perigo, Moz, como é chamado pelos fãs, mostrou que é profissional na arte de despedaçar corações e reconstruí-los na mesma proporção. 

Embora cansado, esbanjou vigor físico e vocal, fazendo muitos marmanjos chorarem. O britânico ainda se apresenta no Rio de Janeiro, em 25 de novembro, e Brasília, no dia 29.

Set Suedehead Alma Matters You Have Killed Me Speedway Ganglord Staircase at the University Instanbul World Peace Is None of Your Business One of Our Own The Bullfighter Dies You'll Be Gone Yes, I Am Blind Meat Is Murder Everyday Is Like Sunday Smiler With Knife Kick the Bride the Aisle Kiss Me a Lot Jack The Ripper What She Said I'm Throwing My Arms Around Paris The Queen Is Dead

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