Morre Sandro, 64, precursor do rock argentino

Do rock às baladas que renderam a ele comparações com Elvis Presley, cantor não resistiu a transplante

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Por DAMIÁN WROCLAVSKY
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O cantor Sandro, um dos artistas mais populares da América Latina, morreu na segunda-feira aos 64 anos, deixando uma obra de mais de quatro décadas, que abrangeu do rock às baladas e lhe valeu comparações com Elvis Presley. Roberto Sánchez - seu nome real - não se recuperou de um transplante de coração e pulmão ao qual foi submetido em meados de novembro. Os médicos do Hospital Italiano da província de Mendoza (oeste) disseram que ele sofreu uma infecção generalizada, agravada pelo quadro de enfisema pulmonar provocado pelo tabagismo. "O senhor Roberto Sánchez deixou de existir devido a um quadro de choque séptico que se complicou", disse o médico Claudio Burgos. Ao ouvir a notícia, um grupo de fãs na porta do hospital começou a chorar, e minutos depois dezenas de pessoas começaram a se aglomerar em frente à casa do cantor, em Buenos Aires. A morte de Sandro foi o grande assunto de TVs, rádios e sites na Argentina. "Penso nele e penso provavelmente no artista mais importante que a América Latina deu ao gênero. A distância dele como artista em relação a todos nós era sideral", disse o músico e compositor Paz Martínez. A tendência à provocação e a brincar com a própria mitologia fez com que Sandro ganhasse a simpatia de nomes das novas gerações do rock - como Fabulosos Cadillacs, Molotov ou León Giego -, que registraram gravações em homenagem a ele. Segundo a imprensa local, Sandro será velado no Congresso Nacional ou no ginásio Luna Park, cenário de históricos shows na capital argentina. Ganhador de um Grammy, Sandro gravou mais de 40 álbuns desde seu início como um dos pioneiros do rock latino-americano. Registrou canções de Jerry Lee Lewis antes de se dedicar a baladas românticas. Com os anos, seus shows se transformaram em verdadeiros rituais, nos quais vestia batas vermelhas e entoava canções segurando uma taça de champanhe, para delírio da plateia, majoritariamente feminina. "Las nenas" ("as meninas"), como gostava de chamá-las, se encarregaram de manter tradições surgidas no calor da década de 1960, e mais de 40 anos depois ainda atiravam roupas íntimas no palco.

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